Uma decisão inédita da Justiça do Reino Unido deu a uma jovem de 14 anos, que morreu de um tipo raro de câncer, o direito de ter o corpo congelado. A informação foi divulgada pela Suprema Corte britânica nesta sexta-feira (18).
A adolescente, que não teve a identidade revelada, morreu em outubro. Antes disso, ela escreveu uma carta à Justiça explicando que queria se submeter à criônica (criogenia) – processo de congelar e preservar o corpo humano, na esperança de que no futuro sejam encontradas formas de curá-lo e ressuscitá-lo.
Os pais da menina são divorciados. Por isso, a jovem iniciou ação judicial para pedir que a mãe, que a apoiava, fosse a única pessoa autorizada a tomar decisões sobre o seu corpo após a morte. O juiz Peter Jackson decidiu, no mês passado, em favor do pedido da menina, depois de uma audiência privada, em Londres.
A partir da decisão judicial, o corpo da adolescente foi transportado para os Estados Unidos, onde foi congelado no Instituto Cryonics, especializado em criogenia. O instituto emitiu uma declaração dizendo que o corpo da jovem havia chegado às suas instalações “embalado em gelo seco, às 17h do dia 25 de outubro, aproximadamente oito dias após a morte”, tornando-se seu 144º paciente.
A taxa mínima paga para criopreservação é de US$ 28 mil, de acordo com o site do instituto, e o jornal “The Times” revelou que o custo para a família da menina foi de US$ 46 mil. O caso não foi relatado antes desta sexta-feira, respeitando os desejos da adolescente, que também pediu que ninguém envolvido fosse identificado.
O juiz disse que sua decisão foi tomada pensando no melhor resultado para a garota, e não da ciência em si, no que ele descreveu como uma decisão inédita. “Não é nenhuma surpresa que este processo seja o único deste tipo perante os tribunais neste país – e provavelmente em qualquer outro lugar”, disse ele.
“É um exemplo das novas questões que a ciência coloca à lei – acima de tudo ao direito da família”, acrescentou Jackson. O juiz elogiou a menina pelo “jeito corajoso” de abordar a situação.
Em sua carta ao juiz, o jovem de 14 anos escreveu: “Eu não quero ser enterrada. Eu quero viver e viver mais, e acho que no futuro eles podem encontrar uma cura para o meu câncer e me acordar. Quero ter essa chance, este é o meu desejo”. O pai da jovem, que inicialmente era contra o desejo da filha, mudou de opinião durante a tramitação do caso na Justiça britânica. (Com agências internacionais)