Depois de rápida e turbulenta passagem pelo Ministério da Cultura, Marcelo Calero pediu demissão do cargo na manhã desta sexta-feira (18). Escolhido para comandar a pasta depois de o presidente Michel Temer, na ocasião, ter recebido diversos “nãos” de outros convidados para o cargo, Calero sai do governo sem esclarecer os motivos de sua decisão, o que causou surpresa no Palácio do Planalto.
Nos bastidores do poder central fala-se, quase que abertamente, que Marcelo Calero não cultivava boas relações em Brasília no âmbito do governo. Há quem garanta que o demissionário chegou a criar arestas com vários setores do governo Temer, em especial no alto escalão.
Tão logo ocupou definitivamente o principal gabinete do Palácio do Planalto, Michel Temer transformou a pasta da Cultura em secretaria vinculada ao Ministério da Educação, mas a chiadeira obrigou o presidente da República a rever seus planos.
Calero, que era secretário nacional de Cultura, da noite para o dia virou ministro no vácuo da pressão de alguns setores da sociedade, que na era petista acostumaram-se a viver à sombra dos cofres oficiais. Alguns protestos ocorreram logo de início, como a ocupação do Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, mas com o passar do tempo a fanfarra esquerdista perdeu força.
Com essa demissão inesperada de Marcelo Calero, assume a pasta o deputado federal Roberto Freire (PPS-SP), presidente nacional da legenda. Considerando o momento de crise enfrentado pelo Brasil, assumir o Ministério da Cultura vale mais pelo status de ministro do que pelas realizações na pasta, já que o orçamento do governo está a um passo de ser limitado pela PEC do Teto de Gastos.
Independentemente desse detalhe, a chegada de Roberto Freire é mais uma prova de que Temer não conseguirá cumprir a promessa de formar uma equipe ministerial com notáveis. Não se trata de duvidar da capacidade de Roberto Freire, que como parlamentar tem atuação coerente e objetiva, mas a Cultura merece como ministro alguém destacado no setor. Enquanto a nomeação de Freire não é oficializada, assume o ministério, na condição de ministra interina, a secretária executiva da pasta, Marina Ribas.