Obama e Merkel: encontro em Berlim foi marcado por troca de elogios e alertas a Donald Trump

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Em Berlim, na quinta-feira (17), penúltimo dia de sua derradeira viagem como presidente dos Estados Unidos, Barack Obama não poupou elogios à chanceler alemã Angela Merkel, destacou a importância de continuar as negociações de livre-comércio entre EUA e Europa, e fez alertas a Donald Trump sobre a forma de lidar com a Rússia.

Obama disse estar “otimista, mas com cautela” sobre seu sucessor e lembrou que, se um presidente não levar seu trabalho a sério, não permanecerá muito tempo no governo. Ele disse que espera que Trump enfrente a Rússia, caso Moscou se desvie dos valores defendidos pelos EUA e de normas internacionais.

“Para que nós possamos solucionar muitos grandes problemas ao redor do mundo, está em nossos interesses trabalhar com a Rússia”, disse Obama, em entrevista coletiva ao lado de Merkel na capital alemã.

O presidente também destacou que o compromisso de Trump com a OTAN é importante. Durante a campanha eleitoral, o republicano ameaçou rasgar tratados de defesa assinados neste âmbito e acusou os parceiros de não estarem cumprindo as regras estabelecidas. “Recebemos a mensagem e começamos a reagir”, disse Merkel, em referência às declarações feitas por Trump durante a campanha.

A Alemanha é constantemente criticada por não repassar o mínimo de 2% do PIB para defesa como determina a Otan. A chanceler disse que seu governo está preparado para aumentar o seu engajamento militar, como os americanos desejam.

Troca de elogios

Durante a coletiva, Obama não economizou elogios à líder alemã. “Tudo que posso dizer é que a chanceler tem sido uma parceira excepcional. Merkel é talvez a única líder entre os aliados mais próximos que estavam aqui quando cheguei”. O presidente disse que, embora eles não tenham tido sempre a mesma opinião, ele apreciou a sua “integridade, autenticidade e ponderação”.

“Ela é excepcional”, destacou Obama, citando a capacidade da líder de ser comprometida com os interesses do povo alemão, mas sem esquecer que uma boa liderança exige o engajamento do mundo como um todo. O presidente elogiou ainda a força, determinação e valores de Merkel diante a crise dos refugiados


Ao ser questionado se a chanceler deveria concorrer novamente ao cargo, o presidente disse apenas que, se fosse alemão, seria eleitor de Merkel. Ela, por sua vez, disse que o adeus a Obama será difícil. “A despedida é difícil quando se trata de alguém com quem o trabalho em conjunto foi bom.”

Livre comércio

O Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP) entre os Estados Unidos e a União Europeia (UE), que está sendo negociado desde 2013, também foi tema na coletiva de imprensa desta quinta.

“Sempre estive fortemente comprometida para concluir o acordo comercial com os EUA. Fizemos muitos progressos nas negociações, mas não o concluiremos agora”, reconheceu Angela Merkel. Os líderes tinham a expectativa de fechar o tratado antes do fim do mandato do atual presidente norte-americano.

Apesar de reconhecer impasses, a chanceler ressaltou, porém, que deseja continuar as negociações do acordo com Trump,que já declarou ceticismo sobre tratados comerciais. Merkel afirmou que o mundo não pode voltar ao período pré-globalização. O TTIP foi também defendido por Obama.

Durante a coletiva, o presidente destacou a importância da continuidade das negociações sobre o TTIP e argumentou que, nas últimas décadas, acordos comerciais mostraram que podem criar prosperidade em todos os países.

Ao comentar sobre Trump, Merkel se comprometeu a fazer de tudo para alcançar uma boa parceria com magnata e garantiu que vai recebê-lo com “uma grande franqueza e convicção”. A líder alemã reiterou o interesse da Alemanha em manter a estreita cooperação com os EUA, porém, destacou novamente que a base para isso são valores, como democracia, liberdade, respeito e direitos humanos. (Com agências internacionais)

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