Anthony Garotinho, preso na quarta-feira, afirma em seu blog que “hora de Sérgio Cabral chegou”

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Apenas um dia após Anthony Garotinho, ex-governador do Rio de Janeiro, ser preso na Operação Chequinho, seu blog oficial comemorou a prisão do também ex-governador Sérgio Cabral Filho, na quinta-feira (17). Vale lembrar que Garotinho e Cabral são rivais políticos.

O blog ainda fez questão de ressaltar que a situação de Garotinho é “completamente diferente” da de Cabral e insinuou que “não foi coincidência” terem escolhido ontem para prender um e hoje para prender o outro. “É evidente que querem associar as duas prisões, confundir as pessoas para colocarem Garotinho e Cabral no mesmo bolo”, afirma o texto publicado na quinta.

Cabral foi preso na Operação Calicute, da Polícia Federal, que cumpriu mandados da Justiça Federal do Rio de Janeiro Rio e do Paraná, acusado de liderar um esquema de corrupção envolvendo grandes obras no período em que foi governador do Rio, como o Estádio Mário Filho (Maracanã), e também de receber propina em um contrato do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

De acordo com os investigadores, Cabral e sua organização criminosa teriam recebido ao menos R$ 224 milhões em propinas referentes às obras do governo do Estado. O ex-governador teria recebido outros R$ 2,7 milhões em propina entre 2007 e 2011 referente ao contrato da Andrade Gutierrez com a Petrobras para as obras do Comperj.

Já Garotinho foi denunciado à Justiça Eleitoral por associação criminosa, corrupção eleitoral supressão de documentos públicos e coação a testemunhas. A investigação do Ministério Público Eleitoral também aponta para Anthony Garotinho como chefe de um grupo criminoso.


O esquema de Garotinho envolveu a distribuição do chamado “Cheque Cidadão”, programa social que prevê benefício de R$ 200 mensais a famílias carentes, sem respeitar os critérios e para comprar votos da população de Campos dos Goytacazes para os vereadores aliados do ex-governador.

Campos é reduto eleitoral da família Garotinho, que exerce o cargo de secretário de governo local enquanto sua mulher Rosinha Garotinho é prefeita da cidade. Na versão do blog oficial do político, as acusações contra ele são uma “retaliação pelas denúncias que afetam pessoas poderosas”.

“É importante destacar que a situação de Cabral é completamente diferente do caso de Garotinho. Cabral e seu grupo são acusados de receber R$ 224 milhões em propinas cobradas em grandes obras. Garotinho é acusado por dar o Cheque Cidadão às pessoas humildes de Campos. Garotinho não está sendo acusado de por desvio de dinheiro, nem por ato de improbidade. A prisão de Garotinho é uma retaliação pelas denúncias que afetam pessoas poderosas, é um jogo político-eleitoral, que já foi denunciado seguidas vezes aqui no blog, uma perseguição, uma covardia”, segue o texto, que conclui afirmando que “não há contra Garotinho qualquer acusação de corrupção”, sugerindo que há diferenças entre um crime “pequeno” e um crime “grande”.

Uma das acusações contra Garotinho é de corrupção eleitoral, que pode levar à condenação de até quatro anos de prisão. Por sua vez, uma das acusações que pesam contra Cabral é de corrupção “comum” que pode render de 2 a 12 anos de cadeia, em caso de condenação.

Contudo, a pena de ambos, caso sejam condenados na Justiça, pode ser muito maior levando-se em conta as outras acusações e suspeitas que pesam contra os dois ex-governadores do Rio que enfrenta a pior crise da sua história.

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