Situação de Geddel Vieira Lima piora com o passar do tempo; presidente da República mantém silêncio

geddel_vieiralima_1004

O governo aposta no efeito do tempo para garantir a permanência de Geddel Vieira Lima na equipe do presidente Michel Temer, mas a sequência dos fatos aponta na direção contrária. Vivendo uma enorme turbulência desde a demissão de Marcelo Calero do Ministério da Cultura, Geddel está cada vez mais perto da demissão, mesmo sendo integrante do chamado núcleo duro do governo.

Geddel é acusado de advocacia administrativa em prol de interesses pessoais por ter pressionado Calero a interferir em decisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) sobre empreendimento imobiliário em Salvador. O chefe da Secretaria de Governo nega, mas a acusação feita por Marcelo Calero é grave. E entre a palavra de Geddel e a de Calero, a do ministro demissionário é mais confiável, principalmente pelo desdobramento dos fatos.

A Comissão de Ética Pública da Presidência já conseguiu maioria de votos para a abertura de processo para investigar Geddel Vieira Lima, mas um pedido de vista prorrogou a decisão acerca do imbróglio que coloca o governo Temer em situação de dificuldade.

Se por um lado, na terça-feira (22), Geddel recebeu apoio incondicional dos partidos aliados do governo, por outro, nesta quarta-feira, a situação do ministro tornou-se mais complexa com a decisão de José Saraiva, conselheiro da Comissão de Ética Pública, de pedir ao presidente do colegiado para não participar do julgamento do caso. Autor do pedido de vista ao processo, revogado em seguida, Saraiva é baiano e o único conselheiro da Comissão nomeado por Michel Temer.


Incensado ao principal gabinete do Palácio do Planalto no vácuo do impeachment de Dilma Rousseff, o peemedebista Michel Temer está sendo devorado pelas recentes promessas e frustrando boa parte da opinião pública. À sombra de comportamento que mostra ser mais do mesmo, Temer não apenas mantém Geddel no cargo, mas recusa-se a falar publicamente sobre o tema. Vale-se do porta-voz da Presidência para informar as próprias decisões.

No momento em que uma figura como Geddel Vieira Lima é considerada pelos parlamentares como imprescindível, não é difícil imaginar o tipo de relação existente entre o Executivo e o Legislativo. O Congresso Nacional continua o conhecido balcão de negócios, enquanto o Palácio do Planalto insiste em apostar no presidencialismo de coalizão, expressão encontrada para travestir o vale tudo da política nacional.

Presidente do Senado, o também peemedebista Renan Calheiros (AL), além de defender o correligionário Geddel, afirma que o caso envolvendo o ex-ministro da Cultura está encerrado. Na verdade, pouco importa a postura de Marcelo Calero diante da pressão de Geddel. O simples fato de o peemedebista baiano ter procurado um integrante do governo para defender interesses particulares é motivo para demissão. Algo que não acontecerá por vontade de Michel Temer, que é muito mais frouxo do que se imaginava.

apoio_04