Ibovespa perde R$ 38 bilhões em valor de mercado desde a vitória de Donald Trump

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O que muitos temiam na América Latina tornou-se realidade, mas na terra do Tio Sam. Em 9 de novembro, o magnata Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos. O surpreendente resultado da corrida presidencial norte-americana tem tudo para provocar choques nas relações comerciais e políticas entre os EUA e os países vizinhos da América Latina.

Estudo realizado pela CMA, empresa especializada em informações, análises e sistemas de negociação eletrônica para os mercados financeiro e de commodities, mostra que, desde o anúncio do resultado da eleição presidencial nos Estados Unidos (9 de novembro) até o último dia 25, o IBOVESPA, principal índice de ações do mercado brasileiro, perdeu R$ 38 bilhões em valor de mercado. De acordo com o estudo, no mesmo período o dólar teve uma valorização de 6,32%. As principais perdas ocorreram no âmbito das empresas.

O estudo aponta três causas para o processo de depreciação do mercado financeiro nesse período:

I) Insegurança e intolerância: Além de defender a construção de um muro na fronteira com o México e dizer que faria os vizinhos pagarem pela obra, Trump prometeu deportar imediatamente até três milhões de imigrantes ilegais. Se confirmada, a expulsão dos ilegais afetaria diretamente a economia da região.

Estima-se que a América Latina receba anualmente cerca de US$ 65 bilhões (R$ 209 bilhões) em remessas enviadas pelos imigrantes que vivem nos EUA.


II) Alta volatilidade: Para a área financeira, volatilidade é uma medida de dispersão dos retornos de um título ou índice de mercado. Quanto mais o preço de uma ação varia num período curto de tempo, maior o risco de se ganhar ou perder dinheiro negociando esta ação, e, por isso, a volatilidade é uma medida de risco.

III) Valorização do dólar: O comitê de definição da taxa de juro do Federal Reserve (Fed) – Banco Central norte-americano – reforçou em sua última reunião, realizada em 2 de novembro, que a economia fortaleceu-se e os ganhos de emprego continuaram sólidos. O mercado financeiro global há meses vem se preparando para um cenário de alta das taxas de juro em dezembro. A próxima reunião do Fed está marcada para os dias 13 e 14 de dezembro, quando poderá sair o anúncio de elevação da taxa de juro nos EUA.

Taxas de juro próximas de zero nos Estados Unidos, Europa e Japão tendem a fazer com que investidores busquem ativos de maior rentabilidade e costumam garantir fluxo maior de capital estrangeiro para países emergentes, como o Brasil. Porém, em cenário inverso, o fluxo de capitais muda de rumo.

O que Donald Trump de fato fará ao instalar-se na Casa Branca ainda é uma incógnita para muitos especialistas. Contudo, caso mantenha-se fiel às propostas e promessas de campanha, severas turbulências poderão ocorrer, em especial, na América Latina.

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