Temer precisa dar um murro na escrivaninha presidencial, antes que a esquerda bandoleira retome as forças

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Quando o UCHO.INFO critica de forma dura e incisiva o governo de Michel Temer, não o faz por apostar no “quanto pior, melhor”. Na realidade, pior do que está é sinônimo de caos, cenário do qual estamos separados por alguns parcos devaneios palacianos.

Ao longo dos últimos treze anos, o Brasil e os brasileiros experimentaram o que há de pior em termos de delinquência política. Debaixo do discurso moralista, o PT protagonizou o período mais corrupto da história nacional, levando o País a enfrentar a pior crise de todos os tempos. Crise essa que há muito deixou de ser meramente econômica para avançar sobre a seara da multiplicidade.

Para que o País pudesse livrar-se do PT e seus puxadinhos ideológicos foi necessário pagar um preço excessivamente alto, conta que chegará a cada cidadão durante longos anos, certamente décadas.

No momento em que, nas reticências do impeachment da petista Dilma Rousseff, o agora presidente da República acena à sociedade com o discurso da “ponte para o futuro”, o mínimo que poder-se-ia esperar é que o governo seria pelo menos razoavelmente sério e minimamente ético. Mas isso já não é mais possível, pois o “Geddelgate” apontou na direção contrária. Ou seja, mostrou que o governo de Michel Temer é mais do mesmo, o que é desolador. Mesmo assim, os leitores do UCHO.INFO não foram apanhados de surpresa.

Como sempre afirmou este portal, qualquer movimento errado do atual governo serviria de combustível para a esquerda alimentar seu processo de ressurgimento na cena política nacional. Assim como qualquer manifestação mais exacerbada contra a esquerda. Traduzindo para o idioma da Terra Brasilis, é preciso cuidado para manter a esquerda viva, mesmo que agonizante, mas sem chance de adotar discursos moralistas.

Quando um governo chega ao ponto de ser alvo de críticas da esquerda bandoleira, que agora coloca-se em cena como monumento à moralidade, chegou o momento de reavaliar os conceitos de governança. E se o presidente Michel Temer não deixar de lado o discurso visguento, sua permanência corre o risco de ser abreviada. Sempre considerando que o período restante – dois anos e um mês – é pouco para o tamanho da lição de casa.


A opinião pública aceitou passivamente a tese de que a formação da equipe ministerial seguiu um caminho indesejado porque era preciso garantir a chegada de Michel Temer ao principal gabinete do Palácio do Planalto. Em suma, mais uma vez prevaleceu o escambo – parlamentares acostumados em lesar a pátria trocaram cargos por votos a favor do impeachment.

Exceto a equipe econômica – Henrique Meirelles, Ilan Goldfajn e Maria Silvia Bastos Marques –, além de Pedro Parente (presidente da Petrobras), o ministério de Temer é o que se pode chamar de piada de péssimo gosto, de humor negro. Quem conhece minimamente as entranhas da política federal brasileira sabe que a equipe ministerial é imoral a ponto de fazer corar até mesmo as moçoilas de lupanar.

No último domingo (27), em entrevista coletiva concedida às pressas no afã de estancar a crise política, o presidente da República afirmou que o próximo articulador político do governo, que ocupará o cargo deixado por Geddel Vieira Lima, será alguém com currículo ilibado e bom trânsito no Parlamento. Diante dessas condições, talvez o Dalai Lama seja o candidato ideal para o cargo, pois no atual cenário político sobram alarifes com mandato.

Alguém há de dizer que é implicância de nossa parte, mas basta acompanhar o comportamento dos políticos temerosos com a delação coletiva do grupo empresarial Odebrecht no âmbito da Operação Lava-Jato. No rastro da esperada colaboração do grupo baiano, pelo menos duzentos parlamentares serão arrastados ao olho do Petrolão. Sem contar uma dezena de ministros de Estado e uma dúzia de governadores.

Os brasileiros de bem precisam manter a coerência e, valendo-se da persistência, cobrar dos políticos uma postura adequada com a necessidade do País de seguir em frente e aos poucos debelar a crise múltipla e preocupante. Se Michel Temer não der um murro na escrivaninha presidencial e chamar para si a responsabilidade, mostrando quem manda de fato, o melhor é arrumar as gavetas e pedir para sair. Do contrário, a esquerda verde-loura há de fazer uma fuzarca sem precedentes.

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