Na próxima quarta-feira (6), o Senado Federal analisará em plenário o projeto de lei sobre abuso de autoridade, algo pouco recomendável se considerado o momento vivido pelo País e principalmente a implacável cobrança da opinião pública brasileira, que não mais suporta conviver com a corrupção sistêmica.
Nesta quinta-feira (1), dia em que poderá transformar-se em réu no Supremo Tribunal Federal (STF) – por corrupção falsidade ideológica e uso de documento falso –, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), comanda sessão extraordinária para tratar do tema na presença do ministro Gilmar Mendes, do STF, e do juiz Sérgio Fernando Moro, responsável na primeira instância do Judiciário pelos processos resultantes da Operação Lava-Jato.
Na verdade, a sessão desta quinta-feira é meramente protocolar e serve para que os parlamentares exponham suas ideias acerca da matéria, sem qualquer avanço na discussão do tema, que já conta com leis que estabelecem os limites das autoridades e fixa punições àqueles que cometerem abuso de autoridade. Ou seja, o assunto não está à deriva, como sugerem alguns políticos acostumados com a corrupção e que não aceitam a ação dos podem eventualmente puni-los. Em outras palavras, tenta-se perpetuar no Brasil a ditadura da corrupção.
A sessão do Senado, instituição cujos integrantes deveriam estar à altura dos cargos que ocupam, serviu de palco para alguns alarifes profissionais que rezam pela cartilha de partidos flagrados no maior esquema de corrupção de todos os tempos, o Petrolão, e que usaram a tribuna da Casa para enfrentamento e retaliação. É o caso do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que usou o microfone para desafiar e criticar o juiz Sérgio Moro.
Lindbergh, que assim como a “camarada” Gleisi Hoffmann sonha em liderar a esquerda nacional após a débâcle nas urnas, usou a palavra para criticar a decisão judicial que autorizou a gravação das conversas telefônicas nada republicanas de Lula com alguns próceres petistas, ocasião em que o ex-metalúrgico agiu deliberadamente nos bastidores para inviabilizar a Lava-Jato ou, pelo menos, os processos e investigações de que é alvo.
Considerando o fato de que para bom entendedor meia palavra é mais que suficiente, Lindbergh Farias, novamente a reboque de verve insana, sugeriu nas entrelinhas que o juiz Sérgio Moro deveria ser punido por ter apanhando um malandro profissional responsável pelo período mais corrupto da história nacional. Só não o fez diretamente porque é um covarde conhecido, que acostumou-se a usar a “boa estampa” e a gritaria como armas de suposto convencimento.
O Brasil está sob declarada ameaça da extensa maioria da classe política, cujos personagens devem ser colocados nos devidos lugares, pois ninguém poderá conter o desejo maior da população que é o combate à corrupção e a punição exemplar dos corruptos.