Temer nega ter escolhido Imbassahy para articulação política, mas plano era esvaziar candidatura do tucano

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Nada pode ser mais sórdido do que os bastidores da política nacional. Quem conhece esse cenário, em que impera a falsidade e o jogo rasteiro, sabe que isso é verdadeiro. Ainda sem mostrar a que veio e devendo o cumprimento de promessas feitas no vácuo do bordão “ponte para o futuro”, o presidente Michel Temer vive em meio a um “tiroteio” político preocupante.

Ciente de o tempo que lhe resta de mandato é pouco para fazer algo que comece a reverter a profunda crise em que se encontra o País, Temer tenta cada vez mais buscar apoio político para aprovar as medidas econômicas propostas pelo governo.

A mais nova investida no Congresso acabou como fumaça no ar. O boato palaciano de que o deputado federal Antônio Imbassahy (PSDB-BA) assumiria a Secretaria de Governo da Presidência, que está acéfala desde a polêmica saída do também baiano Geddel Vieira Lima (PMDB), foi mais um capítulo estabanado da ópera bufa em que se transformou a administração federal.

Contando com a permanência de Rodrigo Maia na presidência da Câmara dos Deputados no próximo biênio, o presidente da República, aconselhado por assessores, optou pela estratégia de interromper o plano de Imbassahy de concorrer ao comando da Casa legislativa, cuja nova Mesa Diretora será escolhida em 1º de fevereiro de 2017.


Para muitos incautos, o Palácio do Planalto teria oferecido a Antônio Imbassahy o cargo de ministro para deixar livre o caminho de Rodrigo Maia, que de acordo com a Constituição Federal e o Regimento Interno da Câmara dos Deputados no pode disputar a reeleição, mesmo que seu mandato seja tampão – ele ocupou a vaga deixada por Eduardo Cunha.

Ao contrário do que fez-se acreditar, o governo, decidido a não dar mais espaço ao PSDB, lançou um balão de ensaio para “queimar” a candidatura de Antônio Imbassahy à presidência da Câmara. Sabendo que o chamado “Centrão” reagiria negativamente à indicação do tucano ao cargo de articulador político do governo, os palacianos insistiram no plano para, como prega o dito popular, “matar dois coelhos com uma só cajadada”: responder à sanha do PSDB por cargos e o comprometer a agora eventual candidatura de Imbassahy.

Em qualquer esfera do Poder o jogo é bruto e covarde. Afinal, em um cenário em que prevalece um cipoal de interesses políticos e partidários, acreditar em coerência e boas intenções é mero sonho de uma noite de verão.

Quando esquentava os motores para assumir, mesmo que interinamente, a Presidência da República, Michel Temer prometeu formar uma equipe ministerial com nomes de peso. Contudo, o que se viu até o momento em termos de equipe de governo é algo que pode-se chamas de insustentável leveza do ser. Com exceção feita à equipe econômica e ao presidente da Petrobras. E os brasileiros que se preparem, pois para 2019 ainda faltam dois longos e árduos anos.

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