A saga de Luiz Inácio da Silva, o dramaturgo do Petrolão, e seus advogados para implodir a Operação Lava-Jato continua, apesar dos reveses que o petista vem colecionando ao longo dos últimos meses. Disposto a tudo para ejetar o juiz Sérgio Moro do comando da operação que desmontou o maior esquema de corrupção de todos os tempos, Lula se faz representar por defensores que tentam transformar audiências em confusão. Essa é a estratégia de uma defesa milionária, cujo contratante ainda não provou a origem do dinheiro utilizado para pagar os honorários advocatícios.
A mais nova investida do ex-metalúrgico é contra Deltan Dallagnol, procurador da República que coordena a força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba. Por meio de seus advogados, Lula ingressou na Justiça com ação de danos morais e cobra do procurador a cifra de R$ 1 milhão como indenização, como se o petista tivesse algo a reclamar.
A ação tem como base a apresentação detalhada, com direito a planilhas e outros acessórios, feita pela força-tarefa para explicar aos jornalistas e à opinião pública a estrutura criminosa que deu sustentação ao assalto aos cofres da Petrobras, ação criminosa que funcionou durante uma década.
Por questões óbvias, Lula foi o personagem central da apresentação, pois o esquema conhecido como Petrolão, idealizado pelo finado deputado federal José Janene (PP-PR). Só entrou em operação com o explícito consentimento do então presidente da República.
Lula tem direito ao contraditório e à ampla defesa, assim como ao “jus sperniandi”, mas os depoimentos de delatores da Lava-Jato mostram que a ação tem ingredientes de sobra para naufragar. Como da cabeça de juízes deve-se esperar tudo e mais um pouco, não custa aguardar para conferir o desfecho, mas é importante salientar que essa nova incursão de Lula revela o grau do desespero que o cerca.
Enquanto Lula insiste em negar os fatos e denegrir a imagem dos seus acusadores, esses avançam em acordos de colaboração premiada, sempre com o compromisso de não faltar com a verdade e dar aos investigadores condições de comprovar o conteúdo da delação. Sob pena de, assim não fazendo, mandar pelo ralo o acordo de colaboração.
Como sempre afirmou o UCHO.INFO, desde agosto de 2005, Lula não apenas autorizou o Petrolão, mas dele se beneficiou de maneira acintosa. Prestes a ver seu currículo ser corroído pelo mofo do cárcere, Lula tenta reverter o caos com as armas que lhe restam, dentre elas a verborragia insana.
Contudo, causa espécie o fato de o ex-presidente estar gastando verdadeira fortuna para manter advogados renomados, os quais, em vez de debruçarem-se sobre uma defesa consistente e reforçada por provas, atuam como franco atiradores dispostos a mandar a Lava-Jato pelos ares.
Por certo Lula já deveria ter sido preso, mas a maneira como ele trata os fatos exige cautela em relação ao tema, pois um mandato de prisão nesse caso deve ser tratado com a mesma precisão que sobra a um relojoeiro suíço. Até porque, Lula conta com sua prisão para, transformando-se em mártir, ressuscitar politicamente. Algo que por enquanto está fora de cogitação.