Crise: Meirelles agarra-se à realidade, esbanja otimismo e critica política econômica de Dilma Rousseff

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Ao assumir a Presidência da República, ainda na interinidade, Michel Temer prometeu uma radiografia da herança maldita deixada por Dilma Rousseff, mas até hoje não cumpriu a promessa.

Temer só chegou ao principal gabinete do Palácio do Planalto porque Dilma promoveu uma hecatombe na economia brasileira, algo que exigiu maquiagens contábeis e pedaladas fiscais, culminando com seu impeachment.

Que a situação econômica do País era grave todos sabiam, mas ninguém conhecia a extensão do estrago. A máxima avaliação que o cidadão comum conseguia fazer era da própria penúria.

Se o presidente da República fugiu da raia, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, foi claro nesta quarta-feira (21) e não economizou palavras para traduzir o caos. Meirelles disse que “na economia, não há mágica nem medidas iluminadas para a economia crescer mais rápido”.

Tal declaração surgiu no vácuo de crítica à gestão petista Dilma Rousseff, que apostando na gastança criou a “Nova Matriz Macroeconômica”, como se a sangria pudesse ser contida por novas hemorragias. Meirelles aproveitou para lembrar que o governo não adota movimentos artificialistas e irrealistas que só pioram a situação, aumentando o déficit nas contas públicas.


De acordo com o titular da Fazenda, os problemas precisam ser resolvidos para que a economia retome o rumo do crescimento. Contudo, é preciso destacar que não será no curto prazo que essa mudança radical acontecerá, pois a economia verde-loura está em péssima situação.

Henrique Meirelles demonstrou doses de otimismo ao afirmar: “Se tomarmos as medidas certas, os agentes econômicos antecipam os seus efeitos”. Em economia, qualquer medida, mesmo que radical, só surte efeito depois de pelo menos seis meses. Ou seja, o governo ainda está dentro do prazo de garantia, mesmo não sendo o dos sonhos. Contudo, não se pode imaginar que os agentes econômicos são capazes de antecipar os resultados das medidas de estímulo à economia.

Em mais uma demonstração de otimismo, o ministro afirmou que no primeiro trimestre de 2017 o Produto Interno Bruto poderá apresentar índice positivo, mas que o governo não conta com qualquer eventual reação da economia nesse período.

Aliás, contrariando as declarações de Meirelles, tudo o que o presidente da República mais quer é que a economia reaja, mesmo que minimamente. Até porque, Temer precisa de um cenário positivo para estancar a crise política, o que de certa forma impactará na decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no âmbito da impugnação da chapa encabeçada por Dilma.

Porém, apostar em ligeiro crescimento do PIB nos primeiro trimestre de 2017 é sonhar acordado. Afinal, logo nos primeiros meses do ano os cidadãos terão de enfrentar, como de costume, despesas inadiáveis, como material escolar, IPVA e outros compromissos financeiros, os quais reduzirão ainda mais o consumo.

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