Trump recua e admite que Moscou pode estar por trás dos ataques cibernéticos na campanha eleitoral

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O mantra “contra fatos não há argumentos” vale também para Donald Trump, mas nem tanto, pois o presidente eleito dos Estados Unidos continua acreditando ser a derradeira salvação do universo. Nesta quarta-feira (11), Trump admitiu pela primeira vez, após uma sequência insana de desmentidos, que a Rússia pode estar por trás dos ataques cibernéticos ocorridos nas eleições presidenciais norte-americanas. O alvo principal dos hackers foi o comitê eleitoral democrata.

“Acho que foi a Rússia, mas já fomos hackeados por outros países e por outras pessoas”, disse Trump em Nova York, durante sua primeira coletiva de imprensa após ser eleito. Essa declaração é no mínimo bizarra para quem assumirá o governo da maior potência planetária. E esse pensamento deve causar problemas para Trump no Congresso.

Contudo, o próximo inquilino da Casa Branca negou que teria se beneficiado dos ataques aos computadores democratas ao aceitar receber informações obtidas pela agência de inteligência russa. “Não tenho acordos com a Rússia. Não tenho dívidas com a Rússia também”, destacou. Caso admitisse, seria o fim de uma carreira política que mal começou.

Trump rechaçou as notícias de que, durante reunião com as agências de inteligência dos EUA, teria sido informado sobre supostas operações de agentes russos que podem incluir material comprometedor sobre ele e que poderia ser utilizado para chantageá-lo.

De acordo com presidente eleito, as notícias não fazem sentido e jamais deveriam ter sido divulgadas. “Considero uma desgraça” que esta informação tenha chegado ao conhecimento público, acrescentou.

Horas antes de sua primeira entrevista coletiva como presidente eleito, Trump usou o Twitter para atacar as agências de inteligência norte-americanas, após o vazamento do dossiê com as denúncias. “Agências de inteligência jamais deveriam permitir esse ‘vazamento’ de notícias falsas. Mais um tiro contra mim. Estamos vivendo na Alemanha nazista?”, chegou a questionar o republicano. Mas Trump esquece as mentiras vociferadas por ele próprio e que alavancaram sua polêmica campanha.


Muro na fronteira

Diante dos jornalistas, Donald Trump assumiu o compromisso de iniciar dentro de algumas semanas a construção de um muro na fronteira com o México, mesmo antes do fim da negociação com o país vizinho sobre a medida polêmica. Ele admitiu que estuda uma proposta para financiar inicialmente o projeto com dinheiro de impostos pagos pelos americanos.

“Não quero esperar um ano e meio para fazer um acordo com o México”, afirmou. “O México pagará pelo muro”, destacou.

Mesmo assim, Trump disse ter “respeito” pelo povo mexicano e seu governo, alegando que as autoridades locais “não têm culpa do que está acontecendo” com a imigração ilegal. O republicano não explicou de que forma o México “reembolsará” os Estados Unidos pelas despesas com a construção desse muro. “Vai acontecer, seja por impostos ou com pagamentos”, declarou.

O presidente eleito prometeu também criar um imposto destinado a empresas que produzem no exterior para evitar que fábricas deixem os EUA e transfiram sua produção para outros países. “Serei o maior criador de empregos que Deus já criou”, disse. Promessa idêntica os brasileiros também ouviram em 2002, por ocasião da corrida ao Palácio do Planalto. Lula prometeu criar 10 milhões de empregos em quatro anos, marca que nem de longe foi alcançada.

Sobre suas empresas, Trump afirmou que cederá o controle das mesmas aos filhos Eric e Donald Júnior, mas não liquidará os ativos nos negócios. Para evitar conflitos de interesse, o republicano acrescentou que não fará negócios no exterior durante seu período na presidência.

Trump destacou que, se quisesse, poderia continuar dirigindo sua companhia enquanto está na Casa Branca, mas ressaltou que seus filhos não discutirão as decisões empresariais com ele, o que difícil de acreditar. O magnata também disse que doará todos os lucros que seus hotéis tiverem no exterior ao Tesouro norte-americano. É esperar para ver! (Com agências internacionais)

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