Diretor da CIA censura Trump, sugere moderação nos comentários e pede cuidado com a Rússia

john_brennan_1002

O comportamento bufão de Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, continua rendendo críticas em todos os setores, a poucos dias da posse, que acontecerá na próxima sexta-feira (20).

Diretor da Central Intelligence Agency (CIA, na sigla em inglês), John Brennan fez duras críticas a Trump, alertando-o para o perigo que represente a suspensão das sanções do governo norte-americano à Rússia, impostas por causa das recentes e criminosas acões do Kremlin, em especial na corrida à Casa Branca. Em clara censura, Brennan recomendou a ao próximo presidente para tomar cuidado com as próprias palavras.

Em entrevista ao programa Fox News Sunday, John Brennan ressaltou a crescente tensão entre o eleito e a comunidade de inteligência, que vem sendo alvo de críticas do magnata. O diretor da CIA disse que Trump precisa pensar muito antes de fazer comentários, uma clara referência ao costume do republicano de fazer controvertidas declarações pelo Twitter.

“A espontaneidade não é algo que proteja os interesses da segurança nacional e, portanto, quando ele fala ou quando reage deve ter certeza de que entendeu que as implicações e o impacto nos EUA podem ser profundos”, disse. “É mais do que apenas sobre o sr. Trump, é sobre os EUA”, disse Brennan, que está deixando o cargo.

No último sábado (14), Donald Trump sugeriu que poderia suspender as sanções impostas no mês passado contra a Rússia pelo governo Barack Obama em razão dos ataques cibernéticos para influenciar a eleição presidencial.

Na última semana, o eleito acusou a comunidade de inteligência dos EUA de deixar vazar informações sobre um dossiê, segundo o qual a Rússia teria informações comprometedoras contra ele.


Donald acusou as agências de inteligência de utilizar práticas da era nazista. Pelo Twitter, Trump afirmou que as agências de inteligência nunca deveriam ter permitido que “esta falsa notícia escapasse para o público”. “Um último tiro em mim. Estamos vivendo na Alemanha nazista?”, questionou.

Ao longo dos últimos meses, o próximo inquilino da Casa Branca questionou publicamente a conclusão das agências de inteligência, segundo as quais Moscou esteve por trás dos ataques cibernéticos contra o Comitê Nacional Democrata, antes de admitir na entrevista da última quarta-feira (11) que provavelmente a Rússia foi responsável pela ação dos hackers.

As agências de inteligência concluíram, em relatório apresentado a Trump e ao presidente Barack Obama, que Moscou tentou influenciar nas eleições de novembro, mas não informou se a operação foi bem-sucedida.

“O que acho ultrajante é comparar o pessoal da inteligência com a Alemanha nazista”, disse Brennan. “Fico muito envergonhado com isso, e não há nenhuma base para Trump apontar o dedo para a comunidade de inteligência pela divulgação de informações que já estavam disponíveis publicamente.”

Brennan defendeu a decisão das agências de informar Trump sobre as alegações. “Não há interesse em prejudicar o presidente eleito. É nossa responsabilidade ter certeza de que entende as ameaças.”

O diretor da CIA disse que a repetida denúncia de Trump contra a comunidade de inteligência ameaça subestimar a segurança nacional. “O mundo está assistindo agora ao que Trump diz e escutando com muito cuidado. Se ele não tem confiança na comunidade de inteligência, que sinal isso envia aos nossos parceiros e aliados, assim como aos nossos adversários?”

apoio_04