Como sempre afirmou o UCHO.INFO, os delatores da Operação Lava-Jato, que desmontou o esquema de corrupção conhecido como Petrolão, revelaram às autoridades uma quantidade de informações suficiente para garantir a redução das respectivas penas. Ou seja, deixaram para trás um sem fim de detalhes, os quais poderiam, se revelados, ampliar sobremaneira o espectro da roubalheira que derreteu os cofres da Petrobras e outras estatais.
De posse de informações adicionais, os investigadores da Lava-Jato conseguiram negociar uma delação complementar da Construtora Camargo Corrêa, cujos executivos flagrados no esquema falaram muito menos do que poderiam. Isso porque há casos de corrupção em obras de governos estaduais e municipais.
Com essa nova delação da Camargo Corrêa, a Lava-Jato conseguirá ressuscitar a Operação Castelo de Areia, também da Polícia Federal, que em 2009 apreendeu, durante ação de busca e apreensão na empreiteira, documentos referentes a uma contabilidade paralela, a qual destacava valores de propinas pagas a políticos conhecidos. Na ocasião, os investigadores já tinham identificado pelos menos uma dúzia de obras suspeitas contratadas pelo governo paulista.
Na mencionada contabilidade paralela constavam nomes de vários políticos, em especial do PT, PMDB e PSDB, o que pode provocar o acirramento da crise que há anos paralisa o País. Entre os nomes grafados nas planilhas apreendidas pela PF estava o do presidente Michel Temer, que terá dificuldade para se explicar.
Infelizmente, política no Brasil não se faz sem muito dinheiro, na maioria das vezes de origem duvidosa. E na Castelo de Areia não foi difícil identificar pagamentos suspeitos em obras do Rodoanel, do túnel da Avenida Jornalista Roberto Marinho, na cidade de São Paulo, e na expansão do Metrô paulistano. Os investigadores também levantaram indícios de pagamento de propina em contratos com a Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa), de Campinas, e com a prefeitura de Jundiaí. Além das fronteiras paulistas, a PF levantou indícios de pagamentos suspeitos em obras dos metrôs de Fortaleza, Salvador e Rio.
A força-tarefa da Lava-Jato espera que a delação complementar da Camargo Corrêa leve outras empreiteiras do Petrolão – Andrade Gutierrez e UTC – a fazerem o mesmo. Porém, entre delatores e advogados há o receio de que novas informações deságuem em aumento de penas e de multas.