Deixando de lado as diferenças ideológicas, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é tão estúpido quanto o petista Luiz Inácio da Silva, o alarife Lula, que nos dias iniciais de seu primeiro mandato de tudo fez para criticar o legado deixado pelo tucano Fernando Henrique Cardoso, rotulado pelo petista como “herança maldita”. E Trump tem repetido a receita em relação a Barack Obama.
Apesar desse cenário de contraposições, que surgem na esteira da birra, Trump poderá dar vazão à sua fanfarrice porque Obama conseguiu recuperar a economia norte-americana, assim como Lula fez na esteira da estabilidade econômica deixada por FHC.
Acostumado ao “vale tudo” discursivo, Donald Trump está decidido a transformar seu mandato em um reality show, assunto que o bufão conhece com doses de intimidade. Apenas para dar a impressão de que levará a cabo todas as promessas de campanha, o Donald da Casa Branca cometeu a sua primeira sandice nesta segunda-feira (23). Dando mostras de que é um ignaro em termos de economia globalizada, o populista ianque implodiu a Parceria Transpacífico (TPP, na sigla em inglês). Lembrando que essa era uma pauta do esquerdista Bernie Sanders.
Com uma canetada em decreto presidencial, cujo ato foi divulgado aos bolhões pela assessoria de imprensa da Casa Branca, Trump retirou os Estados Unidos do maior acordo comercial da história, que reunia 40% do PIB global. Somente um irresponsável que acredita no protecionismo poderia tomar uma atitude tão absurda.
Com a saída dos Estados Unidos, o acordo, assinado por outras onze nações, deixa de existir, já que para continuar vigorando é necessária a validação do mesmo por um número de signatários que corresponda a 85% do PIB do bloco. Como os EUA detêm 60% do PIB do bloco, o TPP em tese foi pelos ares nesta segunda-feira. São signatários do TPP, além dos EUA, os seguintes países: Chile, Peru, México, Canadá, Nova Zelândia, Austrália, Japão, Vietnã, Brunei, Cingapura e Malásia.
“É uma grande coisa para o trabalhador americano o que acabamos de fazer”, disse Trump. Como o tempo é o senhor da razão e problemas econômicos não são solucionados com o simples acionamento de um botão, o melhor é adotar a popular teoria de São Tomé.
Com o fim do TPP, que contempla normas comuns que vão dos direitos dos trabalhadores à preservação da propriedade intelectual, os países que integram o bloco passarão a ter sérios problemas econômicos, já que o comércio entre os signatários do tratado será comprometido.
A decisão de Donald Trump beneficia a China, segunda maior economia do planeta e com quem o presidente norte-americano promete guerrear comercialmente. Com a decisao, Pequim sai na dianteira no âmbito da Parceria Regional Econômica Ampla (RCEP, na sigla em inglês), acordo que está sendo negociado entre a China e outros quinze países, sem a participação dos EUA.
O RCEP tem caráter mais conservador em termos comerciais se comparado ao TPP, mas fixa normas em setores importantes, como direitos trabalhistas e proteção ambiental. Na área ambiental, Trump resolveu caminhar na contramão da lógica e suspender a participação dos EUA em acordos sobre o clima. O planeta está derretendo, mas Donald continua acreditando que tudo não passa de um chiste dos ambientalistas.
Voltando ao TPP, a saída dos EUA também beneficiará a China na América Latina. Não se pode esquecer, que o presidente chinês, Xi Jinping, visitou recentemente o Chile, o Peru e o Equador. Xi Jinping visitou, em 2013,Trinidad e Tobago, Costa Rica e México, sendo que no ano seguinte (2014) esteve no Brasil, Argentina, Venezuela e Cuba.
