O vazamento e a divulgação das imagens dos exames a que foi submetida Marisa Letícia Lula da Silva, esposa do ex-presidente Lula, configuram flagrante violação da privacidade do paciente e do sigilo e da ética médica. As imagens referem-se aos exames iniciais feitos na ex-primeira-dama no Hospital Assunção, em São Bernardo do Campo, no primeiro atendimento após um AVC hemorrágico e antes de ela ser transferida ao Hospital Sírio-Libanês, na região central da capital paulista.
Dona Marisa é uma figura pública por ser esposa do ex-presidente da República, mas à sociedade não interessa detalhes do que acontece com ela em termos de saúde. Exceto se a família autorizar a divulgação dos exames, o que não ocorreu.
O máximo que se pode fazer é torcer para que ela recupere-se o quanto antes, se assim traçar o destino, mas em momento algum deve-se torcer contra um ser humano, assim como é inaceitável o vazamento dos exames. As informações nem de longe são de interesse público, pelo contrário. Esse tipo de atitude serve apenas para reforçar a tese da vitimização à qual está agarrada Lula.
O Conselho Regional de medicina do Estado de São Paulo (CREMESP) informou que foi instaurada sindicância para apurar o vazamento de imagens dos exames da ex-primeira-dama O Hospital Assunção, em São Bernardo do Campo, também adotou procedimento idêntico e afastou os profissionais envolvidos no atendimento a Dona Marisa. Afinal, as imagens trazem identificação do hospital.
Dede o primeiro dia da internação, fotos e imagens em vídeo dos exames de Marisa Letícia circularam nas redes sociais, como se isso fosse importante para a vida do País.
O Hospital Sírio-Libanês informou em nota, divulgada no início da noite de quinta-feira (26), que as imagens não saíram da unidade hospitalar. “A instituição zela pela privacidade de seus pacientes e repudia a quebra de sigilo médico por qualquer profissional de saúde”, diz a nota.
Também por meio de nota, o Hospital Assunção reiterou repúdio ao vazamento e informou que também tomou providências. “O hospital esclarece que tão logo tomou conhecimento do evento, imediatamente instaurou sindicância interna para apuração dos fatos, tendo suspendido e afastado os envolvidos na investigação até a sua conclusão”, destaca a nota.
Segundo o CREMESP, o principal objetivo da sindicância é averiguar eventual participação de médicos no vazamento. “A apuração pode apontar se a divulgação de dados clínicos teve a participação de médicos ou se era do conhecimento da diretoria técnica ou clínica da instituição. De acordo com o Código de Ética Médica, é vedado ao médico ‘permitir o manuseio e o conhecimento dos prontuários por pessoas não obrigadas ao sigilo profissional quando sob sua responsabilidade’. Também não é permitido ‘liberar cópias do prontuário sob sua guarda, salvo quando autorizado, por escrito, pelo paciente, para atender ordem judicial ou para a sua própria defesa’ esta última em situação de sindicância ou processo ético-profissional’”, ressalta o órgão.
De acordo com os boletins médicos do Sírio-Libanês, o quadro de Dona Marisa ainda é grave, porém permanece estável desde a madrugada de terça-feira. Após cirurgia para estancar a hemorragia no cérebro causada pelo rompimento de um aneurisma diagnosticado há mais de dez anos, a ex-primeira-dama foi submetida a um segundo procedimento que consiste na instalação de um cateter para reduzir e monitorar a pressão intracraniana.
Marisa Letícia está em coma induzido, sendo que o uso de sedativos será mantido pelo menos até sábado (28), quando os médicos avaliarão a situação de saúde da esposa de Lula. A avaliação de eventuais sequelas será o próximo passo, dependendo da resposta da paciente aos procedimentos médicos.