Como sempre afirma o UCHO.INFO, política no Brasil só se faz com muito dinheiro, na extensa maioria das vezes com recursos com origem na corrupção. Enquanto os políticos fazem ouvidos moucos, o País gasta anualmente R$ 200 bilhões com a corrupção, dinheiro que poderia ser investido em obras e gerar benefícios para o contribuinte. A Operação Lava-Jato deu um susto na classe política, mas enganam-se aqueles que creem ter chegado ao fim a roubalheira sistêmica. Casos de corrupção continuam dominando a cena, só que de maneira mais rebuscada e cercada de cuidados extremos.
Em investigação no âmbito da Lava-Jato, a Polícia Federal concluiu que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), praticou crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A investigação teve início a partir de mensagens trocadas entre José Adelmário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro, ex-presidente e sócio da OAS, e Rodrigo Maia.
Segundo os investigadores, o atual presidente da Câmara, reeleito no último dia 2 de fevereiro, prestou “favores” à empreiteira baiana, defendendo os interesses da empresa no Congresso Nacional entre 2013 e 2014. Um desses “favores” foi a apresentação de emenda a uma medida provisória que estabelecia regras para o setor de aviação regional, no qual a OAS tinha interesse.
Maia teria solicitado à empreiteira, participante do esquema de corrupção conhecido como Petrolão, uma contribuição no valor de R$ 1 milhão, recurso repassado de chofre à campanha do presidente da Câmara, César Maia, que naquele ano concorreu, sem sucesso, ao Senado pelo Democratas.
Rodrigo Maia afirma que jamais recebeu vantagem indevida para tratar de matérias legislativas na Câmara dos Deputados, mas a conclusa PF aponta no sentido contrário. Segundo os investigadores, há “fortes indícios” de corrupção passiva e lavagem de dinheiro e “não restam dúvidas da atuação clara, constante e direta” de Maia nos interesses da OAS.
“Com base em toda a prova colhida no decorrer da presente investigação, logrou-se êxito em confirmar integralmente a hipótese inicial aventada, qual seja, a de que o deputado federal Rodrigo Maia efetivamente praticou diversos atos na defesa de interesses da Construtora OAS, durante os anos de 2013 e 2014, tendo, em contrapartida, solicitado doações eleitorais ao presidente da pessoa jurídica, José Aldemário Pinheiro Filho [Léo Pinheiro]”, destaca a PF.
Maia é arrogante e presunçoso, mas sabe representar com certa dose de destreza o papel de político flexível e democrático, mas não convence quem conhece os bastidores do Parlamento federal. A partir de agora cabe à Procuradoria-Geral da República (PGR) decidir se oferece denúncia contra o presidente da Câmara, que goza de foro especial por prerrogativa de função, o chamado foro privilegiado.
Por enquanto Rodrigo Maia é apenas investigado, o que é suficiente para tumultuar a já conturbada política brasileira, comprometendo ainda mais a economia do País, há muito mergulhada em crise recessiva. Mas nem tudo está perdido para Maia, que poderá pedir ajuda ao presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), cuja filha é casada com César Mata Pires Filho, herdeiro da OAS. Um depoimento de conveniência de Léo Pinheiro poderia minimizar o estrago.