Peemedebistas pressionam Temer para emplacar ex-advogado de Eduardo Cunha no Ministério da Justiça

michel_temer_1014

Se o governo do presidente Michel Temer (PMDB) pudesse ser traduzido por alguma expressão popular, por certo a que mais combina com a realidade palaciana é “Casa de Noca”, lugar em que ninguém manda.

Que o governo Temer seria pífio a extensa maioria já tinha conhecimento, mas ultrapassa as fronteiras do desânimo a forma como os destinos do País têm sido decididos. Dias antes de assumir a Presidência da República, ainda como interino, Michel prometeu aos brasileiros construir uma “ponte para o futuro”, mas o que temos visto é a edificação de uma pinguela em direção ao atraso.

No momento em que o presidente decidiu indicar Alexandre de Moraes para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) com a morte de Teori Zavascki, o UCHO.INFO afirmou que não se tratava da melhor indicação, pelo contrário.

Com essa decisão de Michel Temer, o Ministério da Justiça ficou acéfalo, sendo comandado pelo secretário-executivo, o que não significa que a pasta ficou à deriva. Contudo, a presença de um ministro em pasta tão importante deveria ter apressado a escolha de Temer sobre o próximo titular do Ministério da Justiça. Principalmente se considerado o fato que o sistema penitenciário nacional é um barril de pólvora sempre prestes a explodir.

Sem qualquer explicação lógica, Temer condicionou o anúncio do nome do novo ministro da Justiça à aprovação de Alexandre de Moraes pelo Senado. Como se uma eventual reprovação recolocaria Moraes no cargo. Se isso acontecer – as chances são remotas –, o governo entrará em uma espiral de descrédito, podendo, inclusive, a sofrer sérios danos com o aumento da insatisfação popular.


Depois de receber um não do jurista e advogado Carlos Velloso, ex-ministro do STF, Temer ficou sem opção para a pasta da Justiça, como noticiou o UCHO.INFO em matéria anterior. Velloso certamente seria um nome de peso para a gestão Temer, mas como afirmamos é currículo demais para governo de menos.

Perdido em relação à escolha de um nome para a Justiça, o presidente poderá deixar o anúncio para depois do Carnaval, o que faria com que a pasta continuasse sem um comandante por mais uma semana. Porém, nesse período Temer poderia convencer algum jurista de renome para assumir o cargo.

Enquanto isso não acontece, o PMDB pressiona o staff palaciano para que o indicado seja Gustavo Rocha, subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil e que já defendeu o cassado Eduardo Cunha em um dos processos decorrentes da Operação Lava-Jato.

A ideia não entusiasmou Michel Temer, mas, caso prospere, será o fim de um governo que começou mal e deve acabar pior. Afinal, o que a opinião pública não quer é um ministro da Justiça que represente uma ameaça à Lava-Jato, que, é bom lembrar, não é a solução derradeiras para a enxurrada de problemas que devasta o País.

O melhor para desvendar esse enigma seria uma escolha técnica, um nome acima de qualquer suspeita e com reconhecido saber jurídico. Contudo, ao que parece, a solução caminha na direção da seara política, o que deixará no ar dúvidas de toda ordem. Se essa for a única saída de Michel Temer, que a escolha recaia sobre um político que tenha no currículo ações de combate à corrupção.

apoio_04