Estivesse preocupado com o Brasil, PSDB indicaria o embaixador Sérgio Amaral para comandar o Itamaraty

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O PSDB alimenta, desde antes de 2006, o sonho de retornar ao Palácio do Planalto para ocupar o principal gabinete da sede do Executivo federal. Ao longo desses anos, os tucanos, em desvantagem numérica em relação à chamada base aliada, foi um fracasso como partido de oposição, com espetáculos pífios e desanimadores encenados pelos principais caciques da legenda.

Agora, abocanhando cargos no governo de Michel Temer, o PSDB pretende pavimentar uma via que leve o partido até o pé da rampa palaciana, o que não significa que subi-la será ato contínuo. O staff tucano tem cobrado do presidente da República cada vez mais especo no governo, como se isso garantisse a dianteira nas eleições de 2018. Ao contrário, com a revelação de tantos escândalos de corrupção envolvendo integrantes do atual governo, o projeto do PSDB pode ser um tiro no escuro, talvez pela culatra.

Como sempre afirma o UCHO.INFO, o governo Temer não é o ideal, mas, como reza a sabedoria popular, “é o que temos para hoje”. Mesmo assim, ancorar um projeto político em um governo que está no fulcro das investigações da Operação Lava-Jato certamente não é a melhor estratégia.

O cenário atual é tão sombrio, que José Serra valeu-se de um problema de saúde para deixar o Ministério de Relações Exteriores. Alegou o senado paulista que dores na coluna o impediam de realizar constantes viagens internacionais, algo inerente ao cargo, mas Serra sonha com voos mais altos. Quer manter a possibilidade de ser o presidenciável do PSDB na próxima corrida ao Palácio do Planalto. Ele volta ao Senado para ganhar visibilidade política.


Sem se preocupar com o que é melhor para o Brasil, mas com aquilo que interessa ao partido, o PSDB trabalha para emplacar um nome político no Itamaraty. Depois de mais de uma década de política externa centrada na ideologia esquerdista, os tucanos trabalham para fazer do senador Aloysio Nunes Ferreira Filho (PSDB-SP), atual líder do governo no Senado, o próximo ministro das Relações Exteriores.

Pouco importa ao PSDB, desde que a nomeação sirva de moeda de troca interna para aplacar a cizânia que sempre existiu na legenda. Estivessem de fato preocupados com o País, os tucanos, que transformaram o Itamaraty em uma espécie de tetrarquia, não pensariam duas vezes para indicar o diplomata Sérgio Amaral, ligado ao partido e atual embaixador do Brasil em Washington, para o cargo. Amaral é diplomata de carreira e tem larga experiência em relações internacionais. Em outras palavras é do ramo e tem competência para apagar o fiasco da era petista.

Ao contrário, mais uma vez o País será vítima do fisiologismo político, ainda mais assanhado por conta de eleições que acontecerão somente dentro de dezoito meses. No momento em que o governo de Michel Temer ruir – e a chance de isso ocorrer não é pequena – será hilário ver tucanos ensandecidos batendo asas aos bolhões para tentar escapar do estrago.

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