Descanso carnavalesco prolongado de deputados e senadores custará R$ 35,6 milhões ao Congresso

Encerrados os muitos eventos que marcaram a folia de Momo, o Brasil retornou ao trabalho nesta quarta-feira de Cinzas (1), de acordo com o que determina a legislação vigente. Mesmo assim, a classe política estenderá por mais alguns dias o ócio remunerado, como se o País não vivesse uma crise econômica profunda, que cresce à medida que a avança a crise no meio político.

No Congresso Nacional, onde a crise política continua a gerar desconfiança na população e preocupação no Palácio do Planalto, o descanso carnavalesco é o que se pode chamar de escárnio. Desde a última quinta-feira (23), o Parlamento vive momentos de cidade fantasma, pois deputados e senadores retornaram aos seus respectivos estados.

Alguns parlamentares mais ousados deixaram Brasília na própria quarta-feira (22), após registro de presença no plenário e, simultaneamente, estar embarcando no aeroporto da capital dos brasileiros. O registro de presença em plenário evita desconto no contracheque por falta aos trabalhos legislativos. É o caso dos deputados Ricardo Izar (PP-SP) e Walter Hiroshi (PSD-SP), que deveriam ser punidos exemplarmente, não apenas com desconto do valor correspondente ao dia não trabalhado, mas com processo no Conselho de Ética da Casa.


Como os trabalhos legislativos no Congresso acontecem entre as terças-feiras e as quintas-feiras, nenhum deputado ou senador marcará presença no Congresso nesta semana, em mais uma clara demonstração que a classe política não está preocupada com a situação que chacoalha o País em todos os seus quadrantes. Isso significa que o ócio carnavalesco dos parlamentares durará extensos doze dias, pois será retomado somente na próxima terça-feira, 7 de março.

Cada deputado ou senador custa, em média, a fortuna de R$ 150 mil mensais, sem que o desempenho dos mesmos nem de longe corresponda aos valores recebidos. Considerando que cada parlamentar consome diariamente R$ 5 mil do suado dinheiro do contribuinte e que o Congresso abriga 594 políticos – 513 deputados e 81 senadores – essa parada carnavalesca custará a bagatela de R$ 35.640.000,00 (doze dias). O valor corresponde a 38.036 salários mínimos (R$ 937).

No momento em que o Brasil tenta sair das cinzas, espantando todas as mazelas que arruinaram a economia nacional, os chamados representantes do povo ignoram a realidade e, vivendo como verdadeiros nababos, oferecem aos cidadãos um péssimo exemplo, algo que há de se repetir em outras ocasiões ao longo do ano.

Certa feita alguém creditou erroneamente ao general francês Charles de Gaulle a autoria da frase “O Brasil não é um país sério”, mas, independentemente de quem seja ao autor, a afirmação cai como roupa sob medida sobre o cadáver de uma nação que há décadas é considerada como sendo do futuro.

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