Há na economia nacional diversas situações que continuam aguardando explicações convincentes, sem o visgo do discurso técnico e excessivamente otimista. Alguns profissionais da imprensa brasileira, que da noite para o dia passaram a incensar o governo de Michel Temer como a grande solução para o País, afirmam que a economia do País voltou a andar por conta de medidas dotadas pelo Palácio do Planalto, como se isso fosse a maior das verdades.
Enquanto integrantes do governo abusam do otimismo ao falar sobre a retomada economia, alguns poucos profissionais do mercado financeiro, que não vivem agarrado ao ufanismo, endossam a tese defendida pelo UCHO.INFO: de que o recuo da inflação oficial é resultado da recessão econômica e do desemprego elevado.
É fato que muitos palacianos hão de discordar de nossa teoria, há muito defendida por este noticioso, mas é inaceitável fugir da realidade e “vender” à população um cenário que falta muito para ser verdadeiro. Se o mercado financeiro existe com um olho no futuro e carece de eufemismos para movimentar os negócios, a realidade reflete o passado recente. E os números desse passado não tão distante mostram um cenário adverso.
De acordo com a Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), a venda de veículos caiu 7,6 % em fevereiro deste ano, na comparação com o mesmo período de 2016. Segundo o levantamento, em fevereiro foram emplacados 135.663 automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, contra 146.804 no mesmo mês de 2016. Isso significa que a crise econômica ainda está com excesso de fôlego.
Para provar a persistência da crise, o comércio varejista encerrou 2016 com recuo de 6,2%, ao passo que a produção industrial registrou queda de 6,6% no ano passado. Esses dois números explicam o avanço do desemprego no País, que atualmente está em 12,6%, com quase 13 milhões de brasileiros fora do mercado de trabalho.
O efeito da crise projeta-se em cascata no mercado, provocando estragos em todos os setores da economia. Situação que compromete o consumo e, ato contínuo, a arrecadação de impostos. Quadro que dificulta ações de um governo que luta diuturnamente para alcançar o sonhado ajuste fiscal.
Afirmar que o País retomou o passo porque o governo adotou medidas de estímulo à economia é um ato de enorme irresponsabilidade, mesmo que isso se dê na seara daqueles que recebem para defender o Palácio do Planalto e seus inquilinos.
A única medida tomada pelo governo Temer até o momento foi a fixação do limite de gastos nos próximos vinte anos. Apostar na aprovação das reformas da Previdência, trabalhista e tributária é apostar no escuro em algo que depende da boa vontade da classe política, que mostra-se cada vez mais adepta do escambo, o famoso “toma lá, dá cá”. Sem contar os escândalos de corrupção que estão prestes a sair do forno.