O ocaso de Mario Götze, o herói da histórica conquista alemã no Maracanã, em 2014

Um instante para a posteridade: isso Mario Götze inquestionavelmente conseguiu. Com o gol (vídeo ao final da matéria) que selou a vitória da Alemanha sobre a Argentina na final da Copa do Mundo do Brasil, em 2014, Götze escreveu história e transformou-se em herói. Lendárias são também as palavras que o técnico Joachim Löw disse ao jogador ao colocá-lo em campo, no fim do segundo tempo: “Mostre para todo o mundo que você é melhor que Messi e pode decidir este jogo!”

Hoje ninguém mais compararia Götze a Messi. E jogos o jogador alemão também não pode mais decidir. Segundo o Borussia Dortmund, o clube de Götze, o atleta de apenas 24 anos sofre de uma doença metabólica que é responsável pelas suas frequentes lesões musculares. Dos 22 jogos disputados pela equipe renana na atual temporada da Bundesliga, Götze começou como titular em nove e entrou em outros dois.

“Este não é um caso [de recuperação] de curto prazo”, disse o diretor do Dortmund, Hans-Joachim Watzke.

Götze deixa o futebol, portanto, por tempo indeterminado. “Estou em tratamento e estou fazendo de tudo para retornar aos treinos o mais rapidamente possível e poder ajudar nossa equipe a conquistar nossos objetivos comuns”, declarou o atleta. O clube pediu aos torcedores e jornalistas que evitem especulações e respeitem a vida privada do jogador.

A curta carreira de Götze é cheia de altos e baixos. Logo apontado como uma das grandes promessas do futebol alemão, Mario Götze estreou com apenas 17 anos em jogo da Bundesliga com o Borussia Dortmund, em 2009. Um ano depois vestiu pela primeira vez a camisa da seleção alemã.


A sua habilidade logo rendeu-lhe o apelido de Götzinho, por driblar como um brasileiro. Com a equipe treinada por Jürgen Klopp, Götze foi campeão alemão por dois anos consecutivos, em 2011 e 2012. Mas ele acompanhou a conquista do segundo título, em grande parte, de longe por causa de uma osteíte púbica.

Um ano depois, a ida dele para o Bayern de Munique gerou revolta entre os torcedores do Dortmund, e Götze passou de ídolo para traidor de uma hora para a outra. O fato de a transação ter sido divulgada um dia antes da semifinal da Liga dos Campeões em 2013, entre Dortmund e Real Madrid, enfureceu ainda mais os torcedores.

Götze permaneceu três anos em Munique, mas nunca conseguiu se integrar bem na equipe, em parte por causa das frequentes lesões. Quando estava em condições de jogar, ele era com frequência deixado no banco de reservas. “De grande talento do futebol alemão a um dos talentos mais desperdiçados”, escreveu o jornal Süddeutsche Zeitung, ao se referir à situação do jogador.

Nem mesmo o gol do quarto título mundial da Alemanha fez com que conquistasse seu lugar no Bayern. O herói do Maracanã nunca caiu nas graças do técnico Pep Guardiola. Por fim, também a diretoria do clube perdeu a confiança nele e deixou-o partir. Em meados de 2016, ele optou pelo regresso ao Dortmund. Aos torcedores do clube, Götze disse estar ciente de que esse não seria um caminho fácil, numa alusão à sua polêmica saída, três anos antes.

Götze escreveu ainda que, por meio de seu desempenho em campo, gostaria de “convencer todas as pessoas”, também aquelas que não o receberiam “de braços abertos”. “É meu objetivo voltar a jogar o meu melhor futebol”, afirmou. Pouco mais de meio ano depois, ele luta sobretudo para poder voltar a jogar futebol. (Deutsche Welle)

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