Procurador-geral do EUA comete crime de perjúrio, mas o bufão Donald Trump fala em “caça às bruxas”

Ninguém na face da Terra pode ser mais hipócrita que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que na quinta-feira (2) saiu em defesa do procurador-geral Jeff Sessions, acusado de ter mentido sobre contatos com autoridades russas durante o processo de confirmação do seu nome no Senado, onde sua renúncia foi cobrada pelos democratas.

“Jeff Sessions é um homem honesto. Ele não disse nada de errado”, afirmou Trump em mensagem publicada no Twitter, como sempre. Embora tenha admitido que Sessions “poderia ter respondido de forma mais precisa” nas audiências, o republicano defendeu que qualquer falta de clareza “não foi intencional”.

“Essa narrativa é uma forma de os democratas manterem as aparências após perderem uma eleição que todos pensavam que eles venceriam. Os democratas estão se excedendo. Perderam as eleições e agora perderam a noção da realidade”, acusou Donald. “É uma verdadeira caça às bruxas”, completou.

O procurador-geral comete o crime de perjúrio, mas os intocáveis da Casa Branca creem que cobrar coerência e punição é caça às bruxas. Trump é um demagogo de quinta, que apela ao bufanismo explícito para camuflar suas sandices. Mesmo assim, uma horda de seguidores da extrema direita o incensa como se fosse a última tábua de salvação do Universo.

Nesta semana, o jornal “The Washington Post” revelou que Sessions reuniu-se em duas ocasiões com o embaixador russo em Washington, Serguei Kislyak, durante a campanha presidencial no ano passado. Os encontros aconteceram em julho e setembro, em meio a uma rumorosa polêmica sobre a suposta ingerência do governo russo nas eleições norte-americanas por meio de ataques cibernéticos. Algo que os serviços de inteligência dos EUA confirmam com todas as letras.


Sessions, apoiador de Trump desde o primeiro momento e assessor político do candidato republicano, omitiu que manteve essas comunicações durante sua audiência de confirmação no Senado, em janeiro, quando foi questionado se alguém afiliado à campanha presidencial teria tido contato com os russos. Além da omissão, Jeff Sessions garantiu que jamais encontrou qualquer autoridade russa durante a campanha.

A questão não é o encontro em si, mas o fato de mentir aos senadores durante sabatina para referendar sua indicação ao cargo que equivale ao posto de ministro da Justiça. Em tempos outros, o Congresso norte-americano já teria se movimentado para apear Sessions da Procuradoria-Geral, mas Trump está abusando da retórica bandoleira para abafar o caso.

Após a revelação dos encontros, o Partido Democrata intensificou suas críticas a Jeff Sessions, afirmando que a explicação dele sobre as comunicações com o embaixador russo em 2016 é “simplesmente inacreditável”. A líder da minoria democrata na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, acusou o procurador-geral de mentir sob juramento e exigiu que sua renúncia.

Na quinta-feira, Sessions afirmou, em pronunciamento à imprensa, que se afastará de qualquer investigação do Departamento de Justiça sobre a possível interferência do Kremlin no pleito presidencial. Ele ainda disse que nunca chegou a discutir sobre a eleição americana com qualquer funcionário ou intermediário russo e descartou uma possível renúncia ao cargo, como clamam os democratas. Ou seja, o procurador-geral tentou justificar o ato de mitomania, mas não abre mão do cargo. O que mostra que tempos sombrios virão pela frente.

O episódio ameaça criar uma nova crise no governo republicano, depois da renúncia, em fevereiro, do então assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, o general Michael Flynn, que também manteve contatos com o embaixador Kislyak antes da posse de Trump. Por sua parte, o presidente sempre negou qualquer tipo de conexão de sua campanha presidencial com o Kremlin. E por questões óbvias o presidente não admitira tal fato, pois seria suicídio político em primeiro grau.

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