Pequim alerta para tensão na península das Coreias; Pyongyang continua desafiando o planeta

A China lançou nesta quarta-feira (8) um apelo pela suspensão das atividades nucleares e balísticas da Coreia do Norte em troca do fim dos exercícios militares conjuntos realizados por Coreia do Sul e Estados Unidos. De acordo com o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, este seria o primeiro passo para evitar uma “colisão frontal” entre as duas partes.

“Os dois lados são como dois trens acelerando um na direção do outro, sem que nenhuma das partes esteja disposta a ceder”, disse Wang a repórteres. “Nossa prioridade agora é acionar as luzes vermelhas e puxar o freio de ambos os trens.”

A suspensão das atividades dos dois lados do conflito poderá ajudar a “romper o dilema de segurança e trazer as duas partes de volta à mesa de negociações”, ressaltou o ministro.

Na última segunda-feira (6), a Coreia do Norte lançou quarto mísseis balísticos em direção a bases norte-americanas localizadas no Japão, três dos quais caíram em águas territoriais japonesas.

Seul e Washington, por sua vez, iniciaram na última semana os exercícios militares conjuntos realizados anualmente, que ambos os países afirmam ser de caráter estritamente defensivo. Pyongyang, porém, considera as ações como provocação e preparação do país vizinho para uma eventual guerra entre as Coreias.

Outro motivo do acirramento das tensões é a prevista instalação do sistema americano de defesa em altitudes altas THAAD na Coreia do Sul, que visa impedir a chegada de mísseis lançados pelo país vizinho. Pequim acredita que o sistema seja capaz de atingir também o seu território, ameaçando seus interesses de segurança.



ONU condena “grave violação”

Na terça-feira, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou declaração condenando os recentes lançamentos de mísseis da Coreia do Norte, considerando-os uma “grave violação” das resoluções do órgão, as quais proíbem o país asiático de desenvolver tais tecnologias. Conselho expressou preocupação com o que chamou de “comportamento cada vez mais desestabilizador” de Pyongyang.

O órgão máximo da ONU lamentou também que o país utilize recursos para desenvolver armamentos enquanto a população enfrenta sérias dificuldades, ao mesmo tempo em que ameaçou “adotar novas medidas substanciais” contra Pyongyang. A declaração foi aprovada pelos representantes dos 15 países do Conselho de Segurança, apesar das tensões entre os EUA e a China em razão da instalação do THAAD na Coreia do Sul.

O Conselho de Segurança pediu aos 193 países que integram a ONU que realizem esforços para levar a cabo as sanções impostas desde 2006 à Coreia do Norte. Um relatório recente de um painel de especialistas questionava o comprometimento da China com as sanções, e denunciava que a Coreia do Norte estabeleceu empresas de fachada em outros países – principalmente na China e na Malásia – para tentar driblar as restrições. (Com agências internacionais)

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