Crianças sírias jamais sofreram tanto como em 2016, informa o Unicef

(Hassam Ammar – AP)

O ano de 2016 foi o de maior sofrimento para as crianças sírias, de acordo com um relatório divulgado nesta segunda-feira (13) pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância). O número de violações de direitos humanos atingiu, no ano passado, o maior nível desde o início do conflito entre forças do presidente Bashar al-Assad e rebeldes.

“O nível de sofrimento não tem precedentes. Milhões de crianças na Síria estão permanentemente sob a ameaça de ataques, as suas vidas estão totalmente viradas do avesso”, afirmou o diretor regional do Unicef para o Oriente Médio e norte da África, Geert Cappelaere.

De acordo com o relatório, 652 crianças foram mortas na Síria em 2016, o que representa um aumento de 20% em relação ao ano anterior. Ao menos 255 morreram na escola ou nas proximidades. “Os casos confirmados de morte, mutilação e recrutamento de crianças aumentaram significativamente no ano passado, com o aumento da violência em todo o país”, diz o documento.

Mais de 2,8 milhões de crianças em situação vulnerável estão em áreas de difícil acesso e, dessas, 280 mil estão cercadas e praticamente sem acesso à ajuda humanitária, ressalta o documento. Ao todo, 6 milhões de crianças necessitam de assistência, ou 12 vezes mais do que em 2012.


Linha de frente

De acordo com o Unicef, mais de 850 crianças foram recrutadas para participar de combates, número duas vezes maior que o registrado em 2015. “As crianças estão sendo recrutadas para combater diretamente nas linhas da frente e participam cada vez mais ativamente, incluindo casos extremos de execuções, como guardas prisionais ou em atentados suicidas”, alertou o órgão.

Além disso, a dificuldade de acesso a determinados locais e de envio de assistência médica não permite avaliar “a verdadeira dimensão do sofrimento das crianças nem fazer chegar com a devida urgência assistência humanitária às meninas e meninos mais vulneráveis”.

De acordo com o órgão da Organização das Nações Unidas, “além das bombas, balas e explosões, as crianças estão morrendo em silêncio muitas vezes por doenças que poderiam ser facilmente evitáveis”. Crianças refugiadas também estão sendo forçadas a casamentos precoces e trabalho infantil para ajudar no sustento das famílias.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância apelou aos envolvidos no conflito e à comunidade internacional para que encontrem uma “solução política imediata”, ao ressaltar que as crianças estão amedrontadas diante das “terríveis consequências para sua saúde, bem-estar e futuro”. O Unicef também pediu que áreas sitiadas sejam liberadas para o envio de ajuda humanitária e apoio financeiro continuado para ajudar as crianças sírias.

A guerra na Síria vai completar seis anos nesta quarta-feira, com mais de 300 mil mortos. Mais de 2,3 milhões de crianças vivem como refugiadas na Turquia, no Líbano, na Jordânia, no Egito e no Iraque. (Com agências internacionais)

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