Como antecipou o UCHO.INFO, a crise política impactará na tentativa do governo de Michel Temer de solucionar a crise econômica, que, é importante frisar, é a maior da história nacional. Quando este portal afirmou que os desdobramentos da Operação Lava-Jato, em especial a delação coletiva da Odebrecht, causariam estragos devastadores na cena política, não o fez por acredita na tese do “quanto pior, melhor”.
Nesta quarta-feira (15), um dia após o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ter enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) 83 pedidos de abertura de inquérito para investigar políticos com direito ao foro privilegiado, o Brasil está literalmente parado. Parte da paralisia é fruto da greve convocada por centrais sindicais como forma de protestar contra as reformas da Previdência e trabalhista, enquanto outra parte resulta dos efeitos colaterais da temida “lista de Janot”.
Imaginar que a crise decorrente da delação da Odebrecht não impactará as votações no Congresso Nacional é desconhecer o mecanismo da política verde-loura, sempre pontuada por figuras canhestras que nos últimos anos mergulharam de vez na lama da corrupção.
Ministro da Fazenda e um dos poucos nomes respeitáveis do governo, Henrique Meirelles acredita que os capítulos subsequentes à “lista de Janot” em nada comprometerão o movimento para a aprovação das reformas. Enquanto Meirelles aposta no imponderável, no cotidiano do Congresso a realidade é distinta. E a questão para esse oximoro é a necessidade de sobrevivência política.
Os alvejados pela delação da Odebrecht precisam garantir o foro privilegiado, o que significa manter o direito de ser julgado pelo STF, onde o acúmulo de processos faz com que o ritmo de julgamento seja excessivamente lento. Ou seja, eventuais condenações correm o risco da prescrição. Para garantir o foro especial por prerrogativa de função, políticos com mandato terão de buscar a reeleição, missão espinhosa em cenário tão conturbado.
A dificuldade maior reside no fato de que uma campanha à reeleição não poderá ter no palanque a defesa de temas impopulares, como as reformas (trabalhista e da Previdência) pretendidas pelo governo Temer. Não há como negar que as tais reformas são necessárias para garantir o futuro, pois em jogo está a viabilidade econômica de um país que está na rota do colapso.
Considerando que a primeira lista de políticos flagrados no Petrolão, apresentada em março de 2015, ainda não produziu os resultados esperados pela opinião pública, a nova dificilmente terá algum resultado concreto antes das eleições de 2018. Isso significa que o brasileiro precisa se acostumar com a ideia de ter mais do mesmo.