Leucemia Aguda: denúncia do UCHO.INFO incomodou a Saúde e terá investigação policial e possível CPI

Passo primeiro para escancarar um escândalo esculpido a várias mãos nas entranhas do Ministério da Saúde, matéria do UCHO.INFO sobre a canhestra aquisição, pelo governo federal, do medicamento L-asparaginase, usado no tratamento de Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA), já provoca consideráveis estragos ao estranho negócio.

Referência em hemato-oncologia pediátrica, o Centro Infantil Boldrini, maior hospital do segmento da América Latina, decidiu não usar o medicamento importado da China (Beijing SL Pharmaceuticial) por meio de uma empresa uruguaia, enquanto não for comprovada a qualidade do mesmo através de estudo de biodisponibilidade. Tal procedimento atesta a quantidade do medicamento que chega à circulação sistêmica e a velocidade em que o processo ocorre.

O Ministério da Saúde reconhece que o L-Asparaginase não possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que é uma aberração, mas sua aquisição foi permitida, em caráter excepcional, por conta do interesse público. Entre 2013 e 2014, o fornecedor do medicamento foi o laboratório alemão Medac, através de representante no Brasil, mas a nova licitação teve como vencedor o laboratório uruguaio, que revende produto da Beijing SL Pharmaceuticial.

O ministério alega ter exigido ao novo fornecedor os documentos especificados na lei, além de consultar autoridades sanitárias dos países onde o medicamento é utilizado (China, Honduras, Índia, Paraguai e Peru), não recebendo qualquer informação sobre contraindicações em relação ao medicamento. Em outras palavras, no negócio em questão prevaleceu o enfadonho “faz de conta”.

Muito estranhamente, o laboratório uruguaio, responsável pelo fornecimento do medicamento à base de L-asparaginase ao Ministério da Saúde, não tem sede no país sul-americano, mas mesmo assim o governo brasileiro levou adiante o processo de compra.

Quanto à ausência de contraindicações em relação ao medicamento, como mencionado por autoridades ministeriais, informações sigilosas, sob análise de autoridades brasileiras, dão conta que pelo menos duas crianças que usaram o L-asparaginase chinês teriam sido alvo de choque anafilático.


Por ocasião das negociações finais para aquisição do medicamento chinês, um graduado servidor do Ministério da Saúde, que ocupa lugar de destaque na estrutura da pasta, em conversa com pessoas próximas disse sem constrangimento: “O que vale é o preço, as crianças que morram”.

Em 17 de janeiro deste ano, quando afirmou que no caso da L-asparaginase o País estava diante de um episódio semelhante ao Labogen, laboratório-fantasma descoberto durante as investigações da Operação Lava-Jato e que serviu de lavanderia ao doleiro Alberto Youssef, o UCHO.INFO não errou ao fazer tal alerta, pois os desdobramentos do escândalo provaram isso.

Na denúncia, este portal ressaltou que a operação China-Uruguai poderia ser a senha para novos e escusos negócios envolvendo o Ministério da Saúde, onde, ao que parece, a saúde do cidadão é o que menos importa. Nesse ínterim, pelo menos dois novos contratos que estavam em fase de negociação foram suspensos por conta da repercussão do escândalo.

A denúncia do UCHO.INFO levou alguns interessados nos escusos negócios a ameaças contra o editor, como se esse tipo de conduta pudesse fazer-nos desistir do compromisso com a verdade, sempre em defesa do Brasil e dos brasileiros. (A ameaça está sob os cuidados de autoridades policiais)

Além da entrada da Polícia Federal no caso, até porque há inequívoca ameaça à saúde pública, não está descartada a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, com base nas matérias do UCHO.INFO, para investigar mais um escândalo que coloca em risco a vida de crianças e adolescentes.

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