Golpe na Venezuela: Mercosul convoca reunião de emergência; Evo Morales apoia o tiranete Maduro

Em resposta ao golpe institucional na Venezuela, o Mercosul convocou para sábado (1) uma reunião de emergência para discutir a situação e analisar uma possível solução para o impasse. A Venezuela era membro de pleno direito do Mercosul até dezembro do ano passado, quando foi suspensa.

Vale destacar que o ingresso da Venezuela no bloco sul-americano só foi possível por causa de manobra de Dilma Rousseff, que orquestrou a suspensão do Paraguai após o impeachment do então presidente Fernando Lugo. O Paraguai era contra a entrada da ditadura venezuelana no Mercosul.

“Os países fundadores do Mercosul reiteram seu inalterável apoio aos princípios fundamentais do Estado de Direito e à preservação da democracia na região latino-americana”, disse a Chancelaria da Argentina, que tem a presidência temporária do bloco, em comunicado.

Itamaraty fala em “radicalização política”

Em comunicado oficial, o governo brasileiro também condenou a decisão do TSJ, “que retirou da Assembleia Nacional as suas prerrogativas, numa clara violação da ordem constitucional”, e afirmou que “vê com grande preocupação a sentença daquele tribunal que suspendeu arbitrariamente as imunidades dos parlamentares venezuelanos”.

“O pleno respeito ao princípio da independência dos poderes é elemento essencial da democracia. As decisões do Supremo violam esse princípio e alimentam a radicalização política no país. O Brasil apela à ponderação de todos os atores relevantes”, ressalta o Itamaraty.

O governo do Peru anunciou a retirada definitiva de seu embaixador na Venezuela. “A separação, independência e respeito recíproco dos poderes públicos é um elemento essencial da democracia representativa, que todos os membros da Organização de Estados Americanos (OEA) estão obrigados a respeitar”, afirmou o Ministério do Exterior peruano em nota.

A presidente do Chile, Michelle Bachelet, manifestou-se surpresa. “Quero manifestar em nome do povo chileno, preocupação em relação ao que se passa na Venezuela”, disse Bachelet, acrescentando que o Chile está empenhado em colaborar para fazer voltar a democracia ao país.


O presidente da Argentina, Mauricio Macri, reuniu-se na quinta-feira (31) com Lilian Tintori, esposa do opositor venezuelano preso Leopoldo López. No encontro, que aconteceu na Casa Rosada, Macri insistiu na necessidade do cumprimento de um calendário eleitoral no país governado por Maduro e pediu pela libertação dos “presos políticos”, informou a Secretaria de Direitos Humanos argentina em comunicado.

A Colômbia rejeitou a decisão do Supremo e afirmou que a medida ultrapassa um limite no país. A chefe da diplomacia colombiana, Maria Angela Holguin, anunciou que convocou o embaixador do país em Caracas para solicitar mais informações sobre a situação.

O Paraguai classificou a manobra como uma ruptura do Estado de Direito e disse que os países da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) estão em contato para emitir um comunicado que condena a decisão.

O executivo do Equador apelou ao diálogo na Venezuela ao detectar uma recente e “profunda fratura entre o governo e a oposição e um impasse entre os poderes do Estado”.

La Paz expressa solidariedade a Maduro

Por outro lado, o presidente da Bolívia, Evo Morales, expressou “solidariedade e incondicional apoio à irmã República Bolivariana” da Venezuela, por entender que Caracas enfrenta “um novo ataque e perseguição política que tenta fraturar a democracia, desestabilizar o governo do presidente Nicolás Maduro e ignorar a Constituição venezuelana”.

A oposição da Venezuela e o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, qualificaram o ato do Supremo de “golpe de Estado”. A OEA inclusive já havia denunciado que na Venezuela estava em curso um “autogolpe de Estado perpetrado pelo regime venezuelano contra a Assembleia Nacional, o último poder do Estado legitimado pelo voto popular”.

“Aquilo que alertamos infelizmente se concretizou”, afirmou Almagro. “As duas sentenças do TSJ de tirar as imunidades parlamentares dos deputados da Assembleia Nacional e de assumir o Poder Legislativo de forma completamente inconstitucional são os últimos golpes com os quais o regime subverte a ordem constitucional do país e termina com a democracia.”

A procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega, denunciou a “ruptura da ordem constitucional” no país. A tomada de posição de Ortega, normalmente próxima ao governo, revela uma brecha na unidade bolivariana exibida pelo tiranete Nicolás Maduro, que dependendo dos próximos capítulos do golpe será apeado do poder muito antes do que se imagina. (Com agências internacionais)

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