Como se não bastasse a insegurança que campeia em todos os quadrantes do território nacional, situação que o Estado já perdeu o controle, o Brasil começa a ingressar em nova seara: exportação de ações do crime organizado. Tal cenário mostra que é de mão dupla a vulnerabilidade das chamadas fronteiras secas, onde acontecem crimes como tráfico de drogas, contrabando de armas e trânsito de carros roubados.
Na madrugada desta segunda-feira (24), um grupo de criminosos brasileiros invadiu a sede da transportadora de valores Prosegur em Ciudad del Este, no Paraguai, e roubou o equivalente a US$ 40 milhões (R$ 120 milhões). A invasão foi precedida por explosão de bombas, o que proporcionou um cenário de guerra e assustou os moradores vizinhos ao local do crime. Um policial paraguaio foi morto durante perseguição aos bandidos.
A Prosegur em Ciudad del Este fica a quatro quilômetros da Ponte Internacional da Amizade, na fronteira com Foz do Iguaçu, no oeste paranaense. Apesar do policiamento existente na ponte, os criminosos não se intimidaram.
De acordo com autoridades paraguaias, os criminosos usaram na ação carros com placas do Brasil e durante a invasão à sede da transportadora de valores muitos dos integrantes do bando se comunicavam em português.
Outro detalhe que reforça a nacionalidade dos criminosos é que o modus operandi foi idêntico ao adotado em outras ações similares, com o uso de carros atravessados nas vias próximas ao local do crime e placas com pinos de ferro para dificultar a aproximação de viaturas policiais. A exemplo dos assaltos praticados no Brasil, em Ciudad del Este carros foram queimados após o crime.
Autoridades de segurança do Paraguai, que colocou as Forças Armadas no encalço dos marginais, trabalham em parceria com a Polícia Federal brasileira para elucidar o crime, o maior já registrado no país vizinho.
Essa ação ousada é fruto da disputa entre facções criminosas brasileiras pelo controle do tráfico de drogas na região. Essa queda de braços entre os principais grupos criminosos brasileiros não é novidade, pois na Bolívia, do presidente cocalero Evo Morales, algumas facções instaram-se no país produtor de cocaína para evitar o lucro do atravessador.