Leucemia Aguda: matérias do UCHO.INFO levam ministro da Saúde a dar explicações à Casa Civil

Depois das várias matérias do UCHO.INFO sobre a polêmica envolvendo a compra, pelo governo, do medicamento L-asparaginase, usado no combate à Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA), a situação do ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR), piorou muito nas últimas horas.

Noticiado com exclusividade pelo UCHO.INFO em 18 de janeiro deste ano, o escândalo acabou rendendo algumas reportagens no programa dominical “Fantástico”, da TV Globo, fermentando um assunto marcado por interesses escusos de agentes políticos e partidários.

Com a repercussão do caso e a leitura das muitas matérias deste noticioso pela assessoria da Presidência da República, o ministro da Saúde foi chamado à Casa Civil, na terça-feira (2), para as devidas explicações. Isso porque Michel Temer e a primeira-dama Marcela Temer ficaram perplexos com o episódio e decidiram tratar o assunto de forma dura. Aliás, era o que se esperava de um governo que prometeu ser uma ponte para o futuro.

Apesar de inúmeros alertas feitos por servidores do Ministério da Saúde e por médicos especializados em oncologia pediátrica – a doença (LLA) atinge na extensa maioria dos casos crianças e adolescentes –, a pasta insistiu na aquisição da L-asparaginase produzida por um laboratório chinês, operação que foi viabilizada através de um laboratório uruguaio, que sequer tem sede no país vizinho.

Análises feitas a pedido dos centros de oncologia que recebem o medicamento através do Sistema Único de Saúde (SUS) identificaram elevada quantidade de impurezas no produto chinês, o qual não tem certificado sanitário e muitos menos comprovação de eficácia por parte das autoridades de saúde da China. A comprovação da eficácia do medicamento chinês dificilmente será obtida, pois o país asiático não autoriza o uso do remédio.


Até a polêmica e suspeita compra feita pelo Ministério da Saúde, o tratamento da LLA na rede pública era realizado com medicamentos produzidos na Alemanha, Estados Unidos e Japão e certificados por autoridades sanitárias de dezenas de países, além de terem eficácia largamente comprovada. Diante dos resultados dos primeiros testes laboratoriais com a L-asparaginase chinesa, centros médicos que se dedicam ao tratamento da doença decidiram importar o medicamento de fabricantes confiáveis, mas estão enfrentando dificuldades no âmbito da Anvisa, que tem dificultado a concessão de autorização de importação.

Lamentavelmente, no chamado presidencialismo de coalizão os ministérios e cargos no primeiro escalão do governo são loteados entre os partidos que integram a chamada base aliada. E no caso do Ministério da Saúde não foi diferente. O Partido Progressista, uma das legendas com o maior número de envolvidos no Petrolão, tomou conta da pasta, colocando prepostos de lideres partidários em postos-chave.

Como antecipou o UCHO.INFO com exclusividade, em reunião no Ministério da Saúde para tratar da compra do medicamento chinês um servidor da pasta não sentiu-se constrangido ao afirmar: “O que vale é o preço, as crianças que morram”.

Depois da denúncia feita por este noticioso, o editor do UCHO.INFO foi ameaçado por pessoa possivelmente interessada no escuso negócio. Autoridades policiais foram acionadas e a autora da ameaça em breve terá de depor em inquérito que apura a ação criminosa. Talvez seja a oportunidade de esclarecer definitivamente mais um escândalo na esfera governamental.

Ricardo Barros, cujo currículo político fala por si, nos bastidores tem feito críticas ao editor do UCHO.INFO, mas desde já informamos que nosso compromisso com a verdade é intransigente e jamais nos curvaremos diante de intimidações ou ameaças. Não descansaremos enquanto esse assunto não for esclarecido e os pacientes de LLA estiverem devidamente assistidos pelo poder público.

Fosse o Brasil um país minimamente responsável e o presidente Michel Temer corajoso à altura do escândalo em questão, Ricardo Barros já teria sido demitido. Como vivemos no paraíso do “faz de conta”, Barros continua chefiando o Ministério da Saúde, uma afronta sem precedentes à população.

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