O centrista Emmanuel Macron foi eleito, neste domingo (7) presidente da França, em uma vitória marcada por aspectos históricos. Ele é o primeiro independente a chegar ao Palácio do Eliseu na história da Quinta República francesa – um feito ainda mais notável se considerado que seu movimento, o “En Marche!” (Em Marcha), foi fundado há apenas um ano.
Aos 39 anos, Macron torna-se o presidente eleito mais jovem da França. O recorde anterior era de Luís-Napoleão Bonaparte, que conquistou o cargo em 1848 aos 40 anos.
Com um programa abertamente a favor da União Europeia, Macron venceu – com 65% dos votos, segundo as projeções eleitorais – como o candidato favorito das lideranças do bloco europeu. Sua vitória traz alívio para a UE, que ainda tenta se adaptar à saída do Reino Unido e vem sendo alvo de críticas de populistas em todo o continente.
A derrota da ultradireitista e xenófoba Marine Le Pen representa por enquanto mais um golpe para os eurocéticos, que em março passado foram derrotados na Holanda. Muitos encaravam a corrida presidencial francesa como termômetro para verificar a força atual dos populistas anti-UE e a resistência do projeto europeu, além de sinalizar o que esperar das eleições gerais na Alemanha e, possivelmente, na Itália, ainda neste ano.
Outros temas que têm tido prevalência global também dominaram as eleições francesas, como a insatisfação generalizada com o sistema político-econômico, o temor em relação ao terrorismo e à imigração. Com esses temas na pauta da campanha, Emmanuel Macron posicionou-se como o reformista otimista, em contraponto ao discurso reacionário e isolacionista de Le Pen.
Apesar do temor que sua candidatura provocava, Marine Le Pen jamais chegou a ameaçar a liderança de Macron ao longo da campanha do segundo turno, sempre estando pelo menos 20 pontos percentuais atrás, segundo todas as pesquisas.
“Defenderei a França, seus interesses vitais e sua imagem. Assumo o compromisso diante de vocês. Defenderei a Europa. Nossa civilização, nossa maneira de sermos livres, está em jogo”, afirmou, logo após a confirmação da vitória. “Eu quero ser uma página de esperança e confiança renovada. Brigarei com todas minhas forças contra a divisão que nos enfraquece”, disse o presidente eleito.
Em termos locais, a vitória de Macron implode de vez o sistema tradicional partidário, marcado por um rodízio entre conservadores e socialistas, que dominou o país desde o início da Quinta República, no final dos anos 50.
Agora, saem os socialistas do atual e impopular presidente François Hollande, e entram os novatos do Em Marcha. Só a presença de Macron e de Le Pen no segundo turno já havia sido histórica, marcando a primeira vez que dois outsiders dominaram o segundo turno. (Com Deutsche Welle)