Lava-Jato: Janot envia ao STF denúncia contra José Mentor e assusta André Vargas e empresário do DF

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou hoje (8) ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma nova denúncia relacionada à Operação Lava Jato, desta vez contra o deputado federal José Mentor (PT-SP) pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O parlamentar petista é acusado de receber R$ 380 mil em propina para participar do esquema que beneficiou a empresa IT7 Sistemas em negócio com a Caixa Econômica Federal, cujo contrato foi de R$ 71 milhões. Ele teria atuado em parceria com o ex-deputado federal André Vargas (PT-PR).

Vargas, que teve o mandato de deputado cassado por ter mentido sobre sua relação nada ortodoxa com o doleiro Alberto Youssef, velho conhecido dos tempos de Londrina (PR), foi condenado na Operação Lava Jato e encontra-se preso no Complexo Médico-Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Entre as provas apresentadas pela PGR, a denúncia relaciona extratos e documentos bancários, troca de mensagens entre os envolvidos, registro de ligações telefônicas e notas fiscais.

O caso que tem a IT7 na proa deve produzir desdobramentos explosivos, como há meses vem destacando o UCHO.INFO, pois a empresa firmou contratos também no âmbito do Ministério da Saúde, assunto que ainda encontra-se sob investigação.

O silêncio obsequioso de André Vargas Ilário continua causando estranheza, pois o ex-deputado tem muito a revelar sobre o esquema de corrupção que reinou nos governos petistas (Lula e Dilma Rousseff). Isso porque em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), José Mentor afirmou ter recebido de Youssef R$ 38 mil em dinheiro, valor, segundo o depoente, referente ao pagamento de dívida contraída por Vargas.

José Mentor complicou-se com o tal depoimento, pois o doleiro da Lava-Jato disse à força-tarefa que o parlamentar petista recebeu, em espécie, R$ 380 mil. A partir de agora, a situação dos envolvidos no esquema torna-se ainda pior, porque mais uma vez a IT7 Sistemas, mencionada várias vezes pelo UCHO.INFO, aproximou-se ainda mais do olho do furacão.


De acordo com o doleiro-delator, o dinheiro entregue a Mentor foi obtido através da Arbor – empresa da contadora Meire Pozza –, a partir de notas fiscais emitidas pela IT7, “indicada” por Leon Vargas, irmão de André. Como se não bastasse, Youssef também revelou que Leon lhe pediu R$ 2 milhões, sendo que parte do dinheiro foi entregue a José Mentor, em São Paulo.

É nesse exato ponto que o caso cresce em termos de confusões, uma vez que a IT7 foi utilizada em contratos fraudulentos tanto na Caixa quanto no Ministério da Saúde. Essas operações nada republicanas envolveram uma das maiores empresas de informática do planeta, o que pode levar a Lava-Jato mais uma vez para além das fronteiras verde-louras. O dono oficial da IT7, Marcelo Simões, durante muito tempo desempenhou o papel de estafeta de luxo de Vargas, cumprindo ordens nem sempre aceitáveis.

Para quem não se recorda, José Mentor foi relator da CPI do Banestado, tendo produzido relatório pífio que serviu para nada, a não ser para consumir milhares de folhas de papel do Congresso Nacional. Coincidência ou não, Alberto Youssef, que também atuou largamente como um dos principais doleiros do escândalo do Banestado, à época fez acordo de delação premiada com o juiz federal Sérgio Fernando Moro, responsável na primeira instância da Justiça federal pelos processos decorrentes da Operação Lava-Jato.

O sócio misterioso

Como satélite dessa sociedade canhestra atuava, em parceria com a dupla (André Vargas e Marcelo Simões), um conhecido empresário de Brasília que atende pelo nome de Alceu e flana no mundo dos negócios na capital dos brasileiros.

Esse comparsa de André Vargas [Alceu] comprou um nababesco apartamento de cobertura em Brasília, na região Noroeste da cidade, com dinheiro proveniente das negociatas. Muito estranhamente, o tal Alceu mudou-se para uma confortável e cara mansão à beira do Lago Sul, deixando para trás o cobiçado apartamento, que permanece desocupado.

Dono de uma frota de carros importados, nos quais circula muito reservadamente pela cidade, Alceu cedeu a André Vargas um jato Cessna Citation para ser usado durante a campanha do então petista à vice-presidência da Câmara.

É importante destacar que Alceu ganhou muito dinheiro não apenas com André Vargas, mas, antes dessa empreitada criminosa, faturou também à sombra de Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais do DF nos governos de Joaquim Roriz e José Roberto Arruda.

Relembrando, Barbosa ganhou notoriedade na imprensa nacional ao denunciar Arruda e outros integrantes do governo distrital, no vácuo do escândalo que ficou conhecido como “Mensalão do DEM”. Quem quiser saber a origem de parte do dinheiro do empresário AMJ basta tomar como ponto de partida o “Na Hora”, programa do governo do DF de atendimento imediato ao cidadão.

apoio_04