Enquanto o governo comemora os recentes números da economia, ONU reduz crescimento do PIB brasileiro

É impossível questionar a competência dos integrantes da equipe econômica do governo de Michel Temer, mas a situação de refém político em que se encontra o staff do Palácio do Planalto impede de sonhos mais ousados na esfera da economia. Não porque Temer rejeite qualquer medida de estimulo econômico, mas porque o presidente não consegue colocar em prática a maioria das medidas necessárias. Afinal, o fisiologismo político e a corrupção têm corroído o País de maneira impressionante.

Enquanto os palacianos comemoravam, na terça-feira (16), os dados do CAGED, Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, que registrou a criação de 59,8 mil postos de trabalho em abril, e o crescimento de 1,12% do PIB no primeiro trimestre do ano (o dado é uma prévia do Banco Central, a Organização das Nações Unidas (ONU) revisava para baixo a projeção de crescimento do Brasil em 2017.

Segundo a ONU, o Produto Interno Bruto brasileiro avançará apenas 0,1% neste ano, após retrocesso de 3,6% em 2016. Em janeiro passado, a organização projetara crescimento do PIB na casa de 0,6%. Ou seja, a ONU começa a enxergar problemas e falhas da anunciada retomada do crescimento econômico. Para 2018, a previsão da entidade é de avanço do PIB na casa de 2,6%, contra 1,6% da previsão anterior.

Michel Temer tem afirmado de forma recorrente que seu maior compromisso como presidente da República é recolocar a economia na rota do crescimento, algo que depende de forma vital do combate ao desemprego, que atualmente atinge 13,5 milhões de trabalhadores, sem contar os brasileiros que desistiram de procurar emprego e os que estão na informalidade. A situação piora sobremaneira quando considerados os profissionais subutilizados. Sob essa ótica, o desemprego expandido chega a 21 milhões de pessoas.


Por mais que o Palácio do Planalto aposte no otimismo, não há como fugir da realidade, que no Brasil é duríssima. A economia só recuperará o fôlego de outrora no momento em que o governo se preocupar com a geração de renda. Algo que foi abandonado pelos governos petistas, que preferiram gazetear inverdades acerca do tema.

Se por um lado o salário mínimo vigente no País está fixado em R$ 937, a remuneração mínima ideal, capaz de suprir as necessidades básicas do trabalhador, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), deveria ser de R$ 3.899,66. Traduzindo em números, quatro vezes o valor do piso salarial.

Alguém pode afirmar que poucas pessoas recebem um salário mínimo, mas não se pode esquecer que, de acordo com o IBGE, aproximadamente dois terços da população recebem menos de dois salários mínimos mensais. Quem conhece a realidade brasileira sabe que esse valor é insuficiente para a manutenção de uma vida minimamente digna.

De tal modo, apostar na recuperação da economia a partir de um quadro tão preocupante é querer acreditar no impossível, mesmo sabendo que, segundo a lenda, Deus é brasileiro. A atividade econômica está diretamente ligada ao volume de dinheiro em circulação. Com pouco dinheiro na praça e principalmente no bolso, consumir é a última coisa que passa pelo pensamento do brasileiro. Apenas a título de informação, muitos trabalhadores têm aceitado reduzir os salários em nome da manutenção do emprego.

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