A informação de que os donos do frigorífico JBS, os irmãos Wesley e Joesley Batista, afirmaram, em depoimento de colaboração premiada à Procuradoria-Geral da República, ter gravado o presidente Michel Temer avalizando a compra do silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), após sua prisão Operação Lava-Jato, é uma explosiva e devastadora novidade.
Contudo, não causa espécie o fato de que Cunha concentrava em suas mãos, nos tempos de mandato parlamentar, muito mais poder do que era noticiado pela imprensa.
A decisão de “comprar” o silêncio de Eduardo Cunha confirma muitas e seguidas matérias do UCHO.INFO, que ao longo dos últimos dois anos afirmou que o ex-presidente da Câmara dos Deputados mantinha sua invejável frieza por ter financiado Brasil afora, na eleição de 2014, algumas dezenas de campanhas de políticos que atualmente cumprem mandato parlamentar em Brasília.
Joesley entregou à PGR uma gravação feita em março deste ano em que o presidente da República escala o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para resolver assuntos da J&F, holding que controla o frigorífico JBS e outras empresas da família Batista. Posteriormente, Loures foi filmado recebendo R$ 500 mil, acondicionados em uma mala, dinheiro enviado por Joesley.
Em outra gravação, também feita em março, o empresário informa a Temer que vinha pagando a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro uma mesada para que ambos permanecessem calados na prisão. Diante da informação, Temer diz, na gravação, “tem que manter isso, viu?”.
Da delação de Joesley consta gravação em que o senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, pede R$ 2 milhões ao empresário. A entrega do valor a um primo de Aécio foi filmada pela Polícia Federal, que rastreou caminho do dinheiro e descobriu que o mesmo foi depositado na conta de em uma empresa do senador Zeze Perrella (PSDB-MG). Até o momento, Temer e Aécio não se manifestaram sobre o assunto.
O jornalista Lauro Jardim, de “O Globo”, informa que os irmãos Joesley e Wesley Batista estiveram, na última quarta-feira (10), no Supremo Tribunal Federal (STF), mais especificamente no gabinete do ministro relator da Operação Lava-Jato, Luiz Edson Fachin, responsável pela homologação da delação dos empresários. Diante de Fachin, os irmãos Batista teriam confirmado que as informações repassadas à PGR, em abril, se deram de forma espontânea.
Para não deixar pedra sobre pedra, Joesley revelou também que seu contato no PT era Guido Mantega, então ministro da Fazenda nos governos Lula e Dilma Rousseff. De acordo com o diário carioca, o empresário revelou que era com Mantega que a propina era negociada para ser distribuída a petistas e aliados, assim como o ex-ministro era responsável por tratar dos interesses da JBS junto ao BNDES.