JBSgate: situação de Michel Temer agravou-se rapidamente e possibilidade de renúncia foi retomada

Piorou sobremaneira com o passar das horas a dificílima situação do presidente da República, Michel Temer, que em gravação feita pelo empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo JBS, aparece endossando a “compra do silêncio” de Eduardo Cunha, preso na Operação Lava-Jato.

Na noite de quarta-feira (17), logo após o JBSgate vir à tona, Temer, por meio de sua assessoria, divulgou nota em que confirmou o encontro com Joesley Batista no Palácio do Jaburu, em março passado, mas negou ter solicitado qualquer recurso para silenciar Cunha. A nota, como afirmou o UCHO.INFO em matéria anterior, é patética e foi um paliativo oficial para um escândalo sem solução.

A madrugada foi longa, mas na manhã desta quinta-feira (18) o presidente estava decidido a fazer um pronunciamento à nação para tentar tratar do assunto, mas foi demovido da ideia por assessores próximos. A situação piorou com a decisão do ministro Luiz Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no STF, de afastar do mandato parlamentar o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), homem de confiança de Temer e que foi filmado pela Polícia Federal recebendo propina da JBS.


Não demorou muito e Michel Temer, também por meio de assessores, voltou a rechaçar a acusação que consta da delação do empresário e disse que é vítima de um complô. Ao mesmo tempo, Temer dizia a assessores palacianos, de forma repetida, que não cairia.

O tal pronunciamento foi remarcado para as 14 horas desta quinta-feira, mas a decisão de solicitar ao Supremo Tribunal Federal as gravações postergou mais uma vez a fala do presidente da República. E o pronunciamento, que pode ser uma renúncia ao vivo, é esperado para as 16 horas. Pois bem, se Michel Temer nega qualquer solicitação de recurso ilícito a Joesley e tenha ciência do que conversou com o empresário, ficar na dependência das gravações soa estranho.

O cenário agravou-se ainda mais com a notícia de que o ministro Luiz Edson Fachin homologou a delação dos irmãos Wesley e Joesley Batista, podendo a qualquer momento levantar o sigilo dos depoimentos, o que significa liberar as fatídicas gravações.

Para completar o funeral político, o Supremo confirmou a abertura de inquérito contra Michel Temer, já que o presidente da República cometeu crime no exercício do mandato. E nesse caso a Constituição Federal permite que o chefe do Executivo seja investigado, processado e condenado. Em suma, a possibilidade de renúncia de Temer, que nas primeiras horas do dia estava descartada, voltou a ganhar força no início da tarde desta quinta-feira.

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