Nada como um dia após outro, prega a sabedoria popular. Afinal, o tempo é e sempre será o senhor da razão. Isso também vale para a senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR), que adotou silêncio obsequioso quando a companheira Dilma Rousseff tentou nomear Lula ministro para lhe dar foro privilegiado e impedir que fosse preso.
Agora, abusando da ironia e posando como derradeiro bastião da moralidade pública, a senadora petista sugeriu que o presidente Michel Temer deveria nomear como ministro o ex-assessor Rodrigo Rocha Loures, flagrado pela Polícia Federal recebendo, na capital paulista, uma mala com R$ 500 mil em dinheiro vivo, propina semanal paga pelo Grupo JBS.
“Se o Temer precisa tanto salvar o Rocha Loures deveria criar coragem e nomeá-lo ministro”, disse a petista. Com a recusa de Osmar Serraglio para assumir o Ministério da Transparência, o presidente da República consultou aliados sobre eventual sondagem a três deputados do PMDB do Paraná sobre indicação à pasta: Hermes Parcianello (Frangão), Sérgio Souza, e João Arruda. Caso um deles aceitasse, o que por enquanto está descartado, Rocha Loures, que é suplente, poderia manter seu mandato parlamentar e o foro especial.
“Quando a presidenta Dilma convidou o ex-presidente Lula para a Casa Civil, para melhorar a governabilidade, fizeram o escarcéu e a acusaram de obstrução judicial. Hoje, esse governo age de forma despudorada e ninguém diz nada”, disse a senadora, que ainda deve explicações sobre o escândalo do pedófilo da Casa Civil.
Constando das planilhas da Odebrecht a reboque do sugestivo codinome “Amante”, assunto que rendeu polêmica em casa, a parlamentar paranaense é conhecida pela falta de bom senso. Enquanto recorre ao deboche para blasfemar a crise política que vem abalando as estruturas do Palácio do Planalto, Gleisi valeu-se do mesmo expediente para receber propina do Petrolão.
Delatores da Operação Lava-Jato, em depoimento às autoridades, acusaram Gleisi de ter recebido R$ 1 milhão do esquema criminoso que funcionava na Petrobras, tendo escalado um conhecido empresário de Curitiba, Ernesto Kugler Rodrigues, para fazer o mesmo papel desempenhado por Rocha Loures – carregar a “mala da felicidade”.