Dilma-Temer: incomodado por não ser o protagonista da ação no TSE, Gilmar Medes abusa do histrionismo

Que o ministro Herman Benjamin, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pedirá a cassação da chapa Dilma-Temer em seu voto como relator é algo esperado, mesmo sabendo que cabeça de juiz é sempre uma incógnita. De igual modo é sabido que o ministro Gilmar Mendes, presidente da Corte eleitoral, defende de forma desavergonhada a não cassação de Michel Temer, ao mesmo tempo em que é simpático à possibilidade de Dilma Rousseff tornar-se inelegível.

A Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) que tramita no TSE e está em sua reta final definirá o futuro político do Brasil, podendo acirrar ainda mais a crise que chacoalha o País em todos os seus escaninhos. Com a chegada de Temer ao principal gabinete do Palácio do Planalto, Gilmar Mendes tornou-se um frequente interlocutor do TSE com os palacianos, algo que não deveria ocorrer por causa da conhecida independência dos Poderes constituídos.

Nesta quarta-feira (7), na retomada do julgamento que pode ejetar Michel Temer da cadeira presidencial, Gilmar não perdeu uma oportunidade sequer de estocar o ministro-relator Herman Benjamin, que foi acusado de valer-se de argumento falacioso ao defender a legitimidade dos depoimentos de Marcelo Odebrecht, Mônica Moura, João Santana e André Moura, delatores da Operação Lava-Jato.


“Muito provavelmente teremos de esperar as informações que vem de Curitiba do caro ex-ministro Palocci”, disse Gilmar Mendes, sugerindo que o relator incluirá na mencionada ação informações decorrentes das delações da JBS e do ex-ministro Antônio Palocci Filho.

No momento em que o País é corroído por uma avalanche de corrupção inédita, Gilmar Mendes ingressou na contramão da retórica processual e defendeu o financiamento de campanhas por empresas, como se o julgamento fosse o lugar adequado para esse tipo de defesa.

Acostumado com o protagonismo, Gilmar Mendes não descansou enquanto não criticou o ministro-relator por estar “brilhando”, dando a entender que Herman Benjamin foi tomado pelo vedetismo. De forma paciente, Banjamin disse que prefere o anonimato, pois esse é o comportamento que se espera de qualquer integrante do Judiciário. Foi um recado duro ao histriônico Gilmar Mendes.

“Vossa experiência hoje está aí brilhando”, declarou Gilmar em tom de provocação ao dirigir a palavra ao relator. “Eu prefiro o anonimato”, rebateu Herman Benjamin.

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