Crente que é o gênio da vez, Trump apoia esforços da Arábia Saudita para isolar o Qatar

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que a pressão que exerceu sobre países árabes para que enfrentem o terrorismo “rendeu frutos”, após os Estados do Golfo isolarem o Qatar. Nesta terça-feira (6), Trump transmitiu seu apoio à Arábia Saudita e seus aliados depois que estes romperam relações diplomáticas com Doha alegando que o país fomenta o terrorismo.

Em ação surpreendente contra um aliado-chave dos EUA, Trump sugeriu que o Qatar – local da maior base aérea americana no Oriente Médio, com cerca de 10 mil soldados estacionados – financia o extremismo, apoiando tacitamente o bloqueio diplomático contra o emirado.

“Tão bom ver que a visita à Arábia Saudita com seu rei e 50 países já rendeu frutos”, escreveu o presidente americano em série de mensagens no Twitter, em referência à sua viagem a Riad no mês passado.

“Eles disseram que adotariam uma linha dura no financiamento do extremismo, e todas as referências estavam apontando para o Catar. Talvez este seja o começo do fim do horror do terrorismo!”, escreveu Trump.

Riad e aliados, incluindo Egito, Emirados Árabes Unidos e Bahrein, anunciaram na segunda-feira o corte das relações diplomáticas e fecharam as conexões aéreas, marítimas e terrestres com o Qatar. Esses países acusaram o pequeno Estado do Golfo de abrigar grupos extremistas e sugeriram haver a existência de um apoio à agenda política do Irã, arqui-inimigo da Arábia Saudita.


Neste meio tempo, o emir do Kuwait, o xeque Sabah al-Ahmad Al-Sabah, viajou à Arábia Saudita na tentativa de resolver a pior crise diplomática a atingir o mundo árabe em anos. O Kuwait não aderiu à ação conjunta contra Doha.

Rico em energia, o Qatar há tempos tem laços estremecidos com seus vizinhos, mas a medida adotada por Riad e seus aliados surpreendeu observadores, aumentando os temores de que a crise possa desestabilizar uma região extremamente problemática. A disputa diplomática ocorre menos de um mês depois da visita de Trump a Riad, onde pediu que as nações muçulmanas se unissem contra o extremismo.

O corte dos laços diplomáticos logo alcançou efeitos tangíveis, com dezenas de voos cancelados, aviões de empresas do Qatar impedidos de usar o espaço aéreo regional e o estouro de pânico em Doha, em meio ao receio de escassez de alimentos.

Além de cortar as relações diplomáticas e ordenar a saída de cidadãos catarianos de seus países em 14 dias, os Estados do Golfo e o Egito revogaram a licença de operação da Qatar Airways. As companhias aéreas Emirates, Etihad, Flydubai e Air Arabia, assim como a Saudi Airlines, anunciaram a suspensão de voos de e para o Catar. Para esta terça-feira, 27 voos estavam agendados de Dubai para Doha, e todos foram cancelados

Vale ressaltar que Trump está chamando para si os louros de uma decisão tomada de forma independente pela maioria dos chamados países do Golfo. Querer chamar para si a responsabilidade pela medida contra o Qatar é ufanismo exacerbado. De igual modo não se pode esquecer que a Arábia Saudita, que lidera a medida isolacionista contra o Qatar, é o país de origem da maior parte dos terroristas dos atentados do fatídico “11 de Setembro”.

Por outro lado, o “wahabismo”, movimento ortodoxo do islamismo sunita e base do radicalismo criminoso do grupo terrorista “Estado Islâmico”, é a corrente religiosa dominante na Arábia Saudita. Ou seja, Trump tenta apresentar-se ao planeta como o gênio de plantão, mas pode acabar como o bobo da corte. (Com agências internacionais)

apoio_04