FBI suspeita que notícia falsa produzida por hackers russos deflagrou crise com o Qatar

Serviços de inteligência dos Estados Unidos afirmam que hackers russos teriam fabricado uma notícia falsa que contribuiu para que a Arábia Saudita e outros países do Golfo rompessem relações com o Qatar, gerando uma grave e perigosa crise diplomática no Oriente Médio.

A emissora de notícias CNN informou, na terça-feira (6), que especialistas do FBI visitaram o Qatar no mês de maio para analisar um suposto ciberataque, que teria permitido a implantação de uma informação falsa na agência estatal de notícias do país.

Na notícia, publicada em 23 de maio, o emir Tamim bin Hamad al-Thani, autoridade máxima do Qatar, é citado dizendo que o Irã é uma importante potência regional e que seu papel deve ser levado em consideração no Oriente Médio.

A Arábia Saudita, rival do Irã, mencionou a informação falsa como parte dos motivos que levaram o reino e seus aliados a instituir um bloqueio diplomático e econômico ao Catar, alegando que o país apoia o terrorismo.

Na segunda-feira (5), o Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) – composto por Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Qatar, Omã, Bahrein e Arábia Saudita – culpou o governo de Doha de “minar a estabilidade” na região e não cumprir os acordos feitos com os outros países.

O governo do Qatar informou que a notícia de 23 de maio atribuía citações falsas ao emir. O ministro do Exterior qatariano, xeque Mohammed Bin Abdulrahman al-Thani, afirmou à CNN que o FBI confirmou o ciberataque e a fabricação da notícia falsa.


“Tudo o que foi colocado como acusação se baseia em desinformação, pensamos que toda essa crise é baseada em desinformação”, disse o ministro. “[A crise diplomática] começou com base em notícias fabricadas, sendo implantadas e inseridas em nossa agência nacional de notícias, que foi alvo de um ciberataque comprovado pelo FBI”, acrescentou Mohammed al-Thani.

Se confirmadas, tais alegações poderiam revelar esforços da Rússia para sabotar a política externa norte-americana, aumentando as preocupações sobre supostas tentativas de hackers russos de interferir nas eleições presidenciais dos EUA do ano passado e os temores sobre possível influência de Moscou sobre a Casa Branca.

O presidente americano, Donald Trump, apoiou a decisão dos governos do Golfo de isolar diplomaticamente o Qatar, afirmando que sua pressão para que países árabes combatam terrorismo “rendeu frutos”. Trump é um aprendiz tosco em termos de diplomacia e dar carta branca a Riad é brincar com fogo.

Moscou negou, nesta quarta-feira, que hackers russos teriam contribuído para agravar a crise diplomática com o Qatar. “Estamos cansados de reagir a banalidades infundadas”, afirmou o consultor do Kremlin para segurança cibernética, Andrei Krutskikh.

“É uma alegação obsoleta e, como sempre, há ‘zero’ provas, e as conclusões são tiradas antes mesmo que o incidente seja investigado”, afirmou.

Moscou negou diversas vezes que estivesse por trás de ciberataques contra os Estados Unidos, assim como várias outras acusações de envolvimento em práticas de hacking em outros países. (Com agências internacionais)

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