Lava-Jato: decidido a ejetar Michel Temer da Presidência, Janot parece querer incendiar o Brasil

A situação Michel Temer piora com o passar das horas, mas o presidente da República insiste em afirmar que ficará no posto até 31 de dezembro de 2018. Entre o que Temer diz e o que reserva o futuro há uma enorme distância, mas em qualquer país minimamente civilizado a essa altura a renúncia já era coisa do passado.

O fato de Temer ter usado um jatinho da JBS para ir com a família a Comandatuba, no litoral da Bahia, em 2011, é grave e comprova a relação nada republicana entre o peemedebista e o empresário Joesley Batista.

O criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, que defende o presidente da República, alega que nada há de errado no caso, mas não é dessa forma que um homem público deve se comportar, especialmente com um empresário que tem muitos interesses no âmbito do governo.

Após negar, na terça-feira (6), o uso da mencionada aeronave, afirmando que a viagem de Temer a Comandatuba se deu em avião da Força Aérea Brasileira, a assessoria presidencial mudou o discurso nesta quarta-feira e confirmou o fato. Até porque, documentos comprovam que o então vice-presidente da República e a família viajaram a bordo do jatinho de Joesley.

Diante da mudança de discurso, assessores de Temer afirmaram que o agora presidente desconhecia o proprietário da aeronave, o que também é uma enorme inverdade. Afinal, um buquê de flores oferecido a Marcela Temer no momento do embarque causou constrangimento e o comandante da aeronave disse que tratava-se de uma gentileza de Flora Batista, mãe de Joesley.


Mesmo que à época algum assessor tenha providenciado o avião para a malfadada viagem, Michel Temer, por ser homem público, deveria ter se preocupado e perguntado sobre o dono do jato. Para quem recentemente chamou Joesley Batista de “falastrão” e “criminoso que fugiu para Nova York”, Temer parece ter muito mais intimidade com o empresário do que imaginavam os brasileiros até a descoberta do imbróglio aéreo.

Apesar da dimensão do escândalo, que no mínimo é amoral, causa estranheza o fato de essa informação fazer parte da delação da JBS e ter vindo a público somente nesta quarta-feira. Se o acordo de colaboração premiada dos irmãos donos do JBS foi homologado pelo ministro Luiz Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), o que o torna público, todas as informações nele constante deveriam ter sido divulgadas de uma só vez.

Na reta final de sua passagem pelo cargo de procurador-geral da República, Rodrigo Janot parece ter colocado como meta a derrubada de Michel Temer. A divulgação a conta-gotas de informações que recheiam a delação dos irmãos Batista não pode ter outro objetivo, que não o de ver Temer fora do Palácio do Planalto, abrindo caminho para algum político da simpatia de Janot.

Não se trata de poupar o presidente da República de duras críticas e eventuais punições por esse episódio, mas de exigir que um órgão público, que em tese deve zelar pelo interesse público, seja transformado em roçadeira política de terceiros.

Janot, assim como muitos dos seus comandados, tenta impor ao País um ritmo exclusivo do Ministério Público Federal, algo que os brasileiros de bem devem rechaçar com firmeza. Até porque, ditadura, não importa o matiz, será sempre ditadura.

apoio_04