TSE: Admar Gonzaga continua injuriado com voto didático do relator da ação sobre chapa Dilma-Temer

Dono de paciência quase monástica, o ministro Herman Benjamin (à direita na foto), relator no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do processo que pede a cassação da chapa Dilma-Temer, tem sido persistente em sua cruzada para provar que houve, sim, uso de dinheiro de caixa 2 na eleição presidencial de 2014 por parte da candidata petista, que à época disputou um novo mandato.

Benjamin, que nos quatro dias de julgamento foi torpedeado por ministros que, escandalosamente contrários à cassação da chapa, caíram em desgraça junto à opinião pública, faz neste último dia de julgamento não apenas a leitura do seu voto, mas coloca sobre cada ministro favorável a Michel Temer a responsabilidade pela escolha.

Fechar os olhos para a realidade e afirmar que o julgamento em questão deve considerar apenas o “caixa 1” é um deboche desmedido, que somente um arrogante como Admar Gonzaga seria capaz de balbuciar. Alçado recentemente ao posto de ministro do TSE por nomeação do presidente da República, Admar parece querer demonstrar, de forma inequívoca, que é grato ao seu senhor.

O malabarismo interpretativo do ministro Admar Gonzaga é tão escandaloso e vexatório, que até mesmo juristas têm encontrado dificuldade para defender seu posicionamento. Só não o criticam de maneira explícita porque é preciso manter o próprio negócio, o Direito Eleitoral. Ou seja, matar a galinha dos ovos de ouro em momentos de crise econômica seria o ápice do absurdo.

Incomodado com a explanação didática do relator Herman Benjamin, que disseca pacientemente os detalhes do seu voto, o ministro Admar Gonzaga vem tentando desconstruir o parecer do colega de Corte, como se isso fosse possível apenas porque sua presunção assim deseja.


No decorrer do julgamento, iniciado na última terça-feira (6), ao menos quatro ministros posicionaram-se contra a manutenção nos autos dos depoimentos do empresário Marcelo Odebrecht e dos marqueteiros João Santana e Mônica Moura. Alegam esses gênios de aluguel que a delação da Odebrecht não pode integrar o arcabouço probatório da ação em questão, uma vez que foge do objeto da mesma.

É importante ressaltar que na petição inicial está evidenciada a necessidade de se investigar a relação entre o esquema de corrupção que funcionou na Petrobras durante uma década, o Petrolão, e o Grupo Odebrecht, a maior corruptora no âmbito da estatal. Elucidar um assassinato sem investigar o assassino é querer enganar a si mesmo.

Em relação às delações de Odebrecht, Santana e Moura, é necessário destacar que o ministro Herman Benjamin não emprestou provas da Operação Lava-Jato, mas ouviu-os na condição de depoentes, algo que foi deliberado pelo TSE e acompanhado atentamente pelo Ministério Público Eleitoral.

Fato é que a ordem que reina nas coxias do TSE é salvar Michel Temer da cassação, algo que, se fosse levado a cabo, exigiria do peemedebista dose de grandeza para não abusar dos recursos, deixando o País livre para seguir o sinuoso e difícil caminho que rasga o horizonte.

Nesses entremeios é patente deixar claro quem dos sete ministros do TSE optará por, rasgando a lei e decisões do próprio tribunal, decidirá contra o País e a favor de Michel Temer, que luta diuturnamente para não ser ejetado da Presidência.

Como na política nada acontece por acaso e muito menos de graça, em algum momento da história esse servilismo descabido será recompensado. Até porque, ignorar recursos de caixa 2 em ação dessa natureza é decisão inexplicável e injustificável.

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