Escândalos levam Michel Temer do presidencialismo de coalizão ao parlamentarismo bandoleiro

Após sair ileso do escandaloso julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que por quatro votos a três decidiu ignorar o cipoal de provas que embasavam a denúncia de abuso de poder político e econômico por parte da chapa encabeçada pela petista Dilma Rousseff, o presidente da República, Michel Temer, prepara-se para uma sequência de batalhas.

Na mira de um rumoroso escândalo de corrupção, o qual gravita na órbita da delação dos irmãos Wesley e Joesley Batista, do Grupo J&F, o presidente terá abrir o balcão de negociações caso queira permanecer no cargo.

Com uma enxurrada de pedidos de impeachment aguardando deliberação do presidente da Câmara dos Deputados, Temer turbinou sua condição de refém de Rodrigo Maia (DEM-RJ), genro de Wellington Moreira Franco, o enrolado ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, cargo que lhe dá o benefício do foro privilegiado.

Essa dependência significa a concessão de algumas benesses ao grupo de Rodrigo Maia, que até a última semana trabalhava nos bastidores para assumir a Presidência, caso o TSE tivesse decidido pela cassação da chapa Dilma-Temer.


Em outra ponta da crise política começa a florescer a avalanche de problemas decorrente da denúncia que será apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente da República. Janot, que na reta final de seu segundo mandato à frente da PGR elegeu como missão maior a derrubada de Michel Temer, deverá apresentar a denúncia na próxima semana. Isso faz com que a crise política continue fermentando, ao mesmo tempo em que balança sobre o fio da navalha da incerteza.

Tomando por base o fato de que a denúncia a ser oferecida por Rodrigo Janot depende da aprovação da Câmara dos Deputados, mais precisamente de 342 votos, Temer terá de convencer pelo menos 172 deputados a rejeitarem o documento da PGR.

Esse movimento que ganha corpo nos bastidores da política nacional significa que Michel Temer, se quiser continuar no principal gabinete do Palácio do Planalto, terá de fazer concessões, muitas das quais levarão o Brasil a um atraso ainda maior. Afinal, o fisiologismo da classe política chega a ser assustador quando o assunto é o “toma lá, dá cá”.

A situação de Michel Temer não é das mais confortáveis, pois no horizonte começam a surgir os primeiros sinais das delações de Eduardo Cunha, Lúcio Bolonha Funaro, Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves, todos fisgados na Operação Lava-Jato. Algumas delações com maior possibilidade de serem negociadas no curto prazo, outras nem tanto. Mesmo assim, o perigo é iminente.

O Brasil vem revezando crises políticas e escândalos de corrupção por causa de uma invencionice bizarra do Partido dos Trabalhadores, o “presidencialismo de coalizão”, termo esculpido pela malandragem esquerdista para justificar a roubalheira sistêmica e institucionalizada, moeda de troca que garantia apoio no Congresso. Agora, com Michel Temer a cambalear diante da cimitarra da verdade, entra em cena o parlamentarismo bandoleiro.

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