Presidente nacional do PT, a senadora paranaense Gleisi Helena Hoffmann jamais perde uma oportunidade sequer de destilar seu conhecido proselitismo barato. Na quarta-feira (28), em discurso na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, a petista acusou os senadores de serem “hipócritas” por defenderem uma reforma trabalhista sem cogitar a possibilidade de cortar os próprios salários.
A senadora finge ignorar que o problema não está nos salários pagos legalmente aos políticos, mas nas vantagens indevidas que auferem debaixo de um mandato eletivo. É o caso da própria Gleisi Helena, ré no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção e acusada por sete delatores da Operação Lava-Jato de ter recebido propina do Petrolão.
Não obstante, Gleisi é acusada de se beneficiar da subtração de mais de R$ 100 milhões de servidores federais e aposentados que recorreram a empréstimos consignados através do canhestro sistema Consist. O esquema criminoso, segundo os investigadores, seria chefiado pelo marido da senadora, o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva (Planejamento e Comunicações), preso (e liberado) na Operação Custo Brasil.
De olhos fechados para tal realidade, Gleisi exercitou a hipocrisia até as últimas consequências. “Senadores votam para os outros o que não votariam para eles mesmos”. A petista lembrou que a reforma trabalhista é contra o ascensorista, garçom, cozinheira, pedreiro, carpinteiro. “Eles não têm motorista para ir trabalhar, não tem carro. Para no fim do mês ganhar dois salários mínimos. São para essas pessoas que estamos fazendo reforma trabalhista”, ressaltou Gleisi.
No melhor estilo “sem medo de ser feliz”, Gleisi criticou ainda “a incapacidade de se colocar no lugar do outro, de sentir o que o outro sente. Porque se a gente aqui for falar de tirar as coisas a que os senadores têm direito, todo mundo vai gritar”. “Então o outro pode se ferrar, eu não!”, ironizou a senadora que envergonha a maioria dos paranaenses.
A líder dos petistas destacou que os parlamentares têm direito a casa, uma vez que a maioria mora em outros estados. “Mas pensa, com o nosso salário a gente pode pagar aluguel”, disse. “Nós queremos tirar das pessoas o direito que eles chamam que é o deslocamento até o emprego. E nós temos motoristas, nós temos carro”, comparou.
Citada nas planilhas de propina da Odebrecht sob o sugestivo codinome “Amante”, Gleisi Helena parece não se lembrar que seu próprio motorista particular, que a serve quando está em Curitiba, era pago pelo esquema que lesou inúmeros servidores vítimas do esquema Consist.