Estados Unidos desafiam o governo de Pequim nas disputadas águas do Mar do Sul da China

O governo chinês reagiu com indignação nesta segunda-feira (3), após um navio de guerra dos Estados Unidos navegar em águas disputadas no Mar da China Meridional. O destróier USS Stethem passou a 12 milhas náuticas da Ilha de Triton, que integra as Ilhas Paracel, território marítimo reclamado também por Taiwan e Vietnã.

Trata-se da segunda “operação de liberdade de navegação” conduzida pela Marinha dos EUA desde o início do governo Donald Trump, com o objetivo de desafiar as reivindicações de soberania sobre o território, sobretudo por parte de Pequim.

O presidente chinês, Xi Jinping, em telefonema a Trump, alertou que os “fatores negativos” dos últimos dias causaram abalos nas relações entre os dois países. Ele se referia, além da disputa do Mar do Sul, às posições americanas em relação a Taiwan e Coreia do Norte. Xi também usou as palavras “decisões erradas” e “provocações” para se referir aos três temas.

A China reivindica a maior parte das ilhas da região, rica em energia e por onde circulam cerca de US$ 5 trilhões em comércio todos os anos. As reivindicações chinesas no Mar do Sul são alvo de disputa entre Brunei, Malásia, Filipinas e Vietnã, além de Taiwan.

Os EUA criticam a construção de ilhas pela China e a criação de instalações militares no Mar do Sul, mostrando preocupação com a possibilidade de restrição da livre-circulação e ampliação do alcance estratégico de Pequim.

O Ministério do Exterior da China afirmou em comunicado que a embarcação americana entrou sem autorização em suas águas territoriais neste domingo, considerando a ação como uma “grave provocação militar e política”. O país asiático chegou a enviar navios de guerra e aviões para alertar o destróier.

“A China reitera os pedidos para que os EUA cessem imediatamente esse tipo de ação provocativa que viola a soberania da China e coloca em risco a segurança chinesa”, destaca o comunicado. “A conduta dos EUA prejudica profundamente a confiança estratégica entre as duas partes e danifica gravemente a atmosfera política do desenvolvimento das relações militares sino-americanas.”

As 12 milhas náuticas marcam limites territoriais reconhecidos internacionalmente. Ao enviar embarcações para navegarem dentro desse limite, os EUA dão uma demonstração de que não reconhecem as reivindicações pela soberania do território.


Coreia do Norte e Taiwan

Na última semana, o governo norte-americano impôs sanções a dois cidadãos chineses e uma empresa de transportes marítimos por terem supostamente contribuído com o programa nuclear da Coreia do Norte. Os EUA também acusaram um banco chinês de práticas de lavagem de dinheiro em beneficio de Pyongyang.

Washington ainda enfureceu Pequim ao aprovar uma venda de armas para Taiwan, no valor de US$ 1,4 bilhão. A China considera Taiwan parte do seu território, na forma de uma província dissidente, e não descarta o uso da força para manter o controle sobre a região.

Donald Trump manteve conversas telefônicas separadas com Xi Jinping e com o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, sobre as tensões na Península da Coreia. O Ministério do Exterior chinês informou que Xi tratou com o americano também sobre a questão de Taiwan.

O presidente chinês reconheceu que as relações sino-americanas “atingiram resultados importantes” desde o encontro entre os dois líderes nos EUA em abril, mas alertou sobre os “fatores negativos” ocorridos nos últimos dias.

Segundo o ministério chinês, Xi espera que Trump siga os preceitos da chamada “política de uma só China”, segundo a qual os EUA devem tratar os territórios chineses como parte integrante do país, não de modo autônomo.

Um comunicado da Casa Branca informou que Trump e Xi discutiram esforços para reduzir o programa nuclear da Coreia do Norte e melhorar as relações comerciais com Pequim, sem, no entanto, mencionar a questão de Taiwan. (Com agências internacionais)

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