Conselho de Ética do Senado age como circo e mantém arquivamento do pedido de cassação de Aécio

Em mais um vergonhoso capítulo da epopeia em que se transformou a política nacional, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado decidiu, nesta quinta-feira (6), manter o arquivamento do processo que requeria a cassação do mandato do senador Aécio Neves (PSDB-MG). Por 11 votos a favor e 4 contra, os membros do colegiado tomaram a decisão que tem caráter definitivo, não cabendo qualquer tipo de recurso ao plenário da Casa.

O presidente do Conselho de Ética, senador João Alberto (PMDB-MA), já havia decidido, em 23 de junho, pelo arquivamento do processo, mas parlamentares da oposição liderados pela Rede entraram com recurso contra a decisão e reiteraram o pedido para sob a argumentação de que houve por parte de Aécio quebra de decoro parlamentar no caso envolvendo o empresário Joesley Batista, dono da JBS.

Para o líder da Rede, senador Randolfe Rodrigues (AP), a decisão do colegiado tomada nesta quinta-feira contraria as decisões tomadas nos últimos anos pelo conselho, que já decidiu pela cassação do ex-senador Delcídio do Amaral, em 2016, como vem reiterando o UCHO.INFO.

“Eu acho que hoje o instituto da ética e do decoro parlamentar presente no regimento do Senado pode ser sepultado. Aliás, a partir de hoje, não faz mais sentido ter Conselho de Ética. A decisão é completamente contraditória em relação a decisões anteriores do próprio conselho. Se há ou não havia razão para processar o senador Aécio, porque nós processamos e cassamos o mandato do senador Delcídio, já que os fatos aqui elencados são mais graves?”, questionou Randolfe.


O senador João Alberto negou que tenha sofrido pressão para interromper a tramitação do processo. “A maioria achou que realmente o presidente do Conselho de Ética tinha toda razão quando determinou o arquivamento do processo contra o senador Aécio Neves por falta de provas nos autos. Eu não tenho idade mais para receber pressão, nós agimos aqui como juízes, nós somos juízes, temos que agir de acordo com o que dizem os autos. E o que eu li e ouvi, me conscientiza que não existe absolutamente nada para condenar o senador Aécio Neves.” declarou.

Ora, se as provas coletadas durante as investigações da Operação Patmos não são incontestáveis e suficientes para a cassação do mandato do senador Aécio Neves, que recebeu de Joesley R$ 2 milhões sob o pretexto de pagar honorários advocatícios, o melhor a se fazer é fechar definitivamente o Conselho de Ética e reconhecer que política no Brasil é uma atividade criminosa.

O dinheiro foi repassado pelo dono da JBS a um primo de Aécio, Frederico Pacheco, o Fred, que por sua vez entregou a propina a um assessor do senador Zezé Perrella (PMDB-MG).

Mendherson Souza Lima, o assessor de Perrella, levou o dinheiro de São Paulo para Belo Horizonte, o que deixa claro que o pedido feito por Aécio não tinha como objetivo a quitação dos honorários do seu advogado, mas, sim, interesse pessoal e criminoso. Diante da repercussão do caso, Mendherson, que foi preso na Operação Patmos, deixou na casa da sogra, durante alguns dias duas malas com o dinheiro sujo (R$ 480 mil).

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