“Nunca antes na história deste país” (a frase lapidar é de Lula, o malandro) viu-se tantas incongruências políticas. O Brasil vive a maior crise múltipla (econômica, política, institucional, moral e ética) de sua história, mas nem isso faz com que os políticos esbocem algum desejo de mudar o cenário de degradação.
Com aproximadamente 14 milhões de desempregados, um dos itens da herança maldita deixada pelo PT, o País precisa se modernizar em termos trabalhistas para retomar a competitividade interna e externamente, o que explica a reforma proposta pelo governo de Michel Temer e que deve ser aprovada no plenário do Senado Federal na próxima terça-feira (11).
Além das mudanças que flexibilizam a contratação de mão de obra, as quais abrirão espaço para a criação de novas vagas de trabalho, o ponto alto da reforma trabalhista é o fim da obrigatoriedade do imposto sindical, legado rançoso da ditadura Vargas. Sindicalistas, ao longo de décadas, acostumaram-se a avançar sobre o bolso do trabalhador, dele tirando o equivalente a um dia de trabalho por ano para sustentar uma massa de desocupados que se dependuram em sindicatos e outros quetais.
Acusado de corrupção e alvo de denúncia que começa a tramitar na Câmara dos Deputados, a quem cabe autorizar ou não a abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da República, assim como qualquer cidadão, tem direito à ampla defesa e deve ser considerado inocente até uma decisão final sobre o caso, mas Temer vem negociando à sombra do desespero com políticos de idoneidade dúbia para evitar o pior.
Enquanto o Brasil derrete na esteira da crise e os brasileiros apostam nas reformas como atalho para um novo tempo, Temer negocia com políticos ligados a sindicatos e outras instituições movidas pelo peleguismo para encontrar uma forma de restabelecer a obrigatoriedade do imposto sindical.
A interlocução dos sindicalistas com o Palácio do Planalto está a cargo do deputado federal Paulo Pereira da Silva (Solidariedade – SP), o Paulinho da Força, cujo currículo fala por si e dispensa maiores explicações. Paulinho negocia com Temer a edição de uma medida provisória a ser publicada no mesmo dia em que a reforma trabalhista será aprovada no Senado. Ou seja, o presidente da República, que é mais do mesmo, está ignorando o anseio da população e devolvendo aos sindicalistas o direito de bater a carteira do trabalhador, a reboque de uma contribuição obrigatória de essência fascista.
No campo político, entre os mais contundentes e ácidos críticos de Michel Temer está o Partido dos Trabalhadores, que promove badernas Brasil afora com a ajuda preponderante dos sindicatos, que em breve terão restituído o direito de surrupiar o dinheiro do trabalhador.
O presidente da República parece não se importar com os ataques esquerdistas de que é alvo e muito menos com o assalto que os sindicatos continuarão a promover no bolso do cidadão. Em suma, Temer dará aos sindicatos a garantia financeira que os pelegos precisam para, a reboque de badernas e depredações, cobrar a saída do presidente e a convocação imediata de eleições gerais. Essa situação dúbia e desconexa nem Frued explica.
Os brasileiros de bem, que trabalham de sol a sol e sabem o quanto é difícil conquistar o vil metal, precisam fazer pressão sobre o governo de Michel Temer para que essa arbitrariedade, criada em 1931 pelo populista Getúlio Vargas por meio da Lei de Sindicalização, não seja ressuscitada.