Ao não decidir sobre a permanência no governo Temer, PSDB mostra que indecisão virou falta de vergonha

Em 2005, quando veio à cena política o primeiro grande escândalo de corrupção da era petista, o Mensalão do PT, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso enveredou pela tese da governabilidade para evitar que o ex-metalúrgico fosse ejetado do cargo. Incensado pelo tucanato, FHC disse à época que era preciso pensar no País antes de levar a cabo as denúncias comprovadas de corrupção.

Então marqueteiro do PT, Duda Mendonça admitiu publicamente, durante depoimento na CPI dos Correios, que recebera parte dos honorários da campanha de 2002 em conta bancária aberta em paraíso fiscal. Motivo mais que suficiente para a abertura de processo que culminaria na queda imediata daquele se tornaria o responsável pelo período mais corrupto da história nacional.

Agora, passados doze anos, FHC mostrou ser um tucano autêntico e, ladeado por lideranças do PSDB, nada decidiu em reunião convocada pelo governador Geraldo Alckmin (SP), ocorrida na noite de segunda-feira (10) na ala residencial do Palácio dos Bandeirantes, sede do Executivo paulista.

O encontro foi marcado para que o partido decidisse preliminarmente sobre a permanência no governo do presidente Michel Temer ou o desembarque imediato. A preocupação dos tucanos não é com o futuro do País, mas com o que poderá acontecer com o partido na esteira da crise política que vem derretendo o governo Temer.

Como esperado, o PSDB nada decidiu, ou melhor, decidiu que a decisão será tomada em agosto, quando o partido realizará eleição para escolher a nova composição do diretório nacional. Os tucanos entendem que diante das denúncias contra o presidente Michel Temer não há mais razão para permanecer no governo, como se o PSDB fosse uma reunião de impolutos.


A ousadia dos caciques do PSDB é tamanha, que o encontro reuniu tucanos acusados por delatores no âmbito da Operação Lava-Jato, como Aécio Neves, Beto Richa, Geraldo Alckmin, José Serra, Marconi Perillo e Fernando Henrique Cardoso, que escapou das garras da Justiça por conta da prescrição dos crimes.

Considerando que Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, ex-diretor da Dersa e operador do tucanato paulista, ainda não soltou a voz no âmbito da Operação Lava-Jato, o desastre pode ser muito maior.

É reconhecer preciso que o governo Temer entrou na fase do esfacelamento, cenário ruim para o Brasil e que exige coerência dos chamados aliados. Ou os tucanos seguem até o final, no melhor estilo abraço de afogados, ou desembarcam imediatamente para que o estrago não seja ainda maior. Indecisos, os tucanos já começam a abandonar o governo oficiosamente, mas o partido não entrega os cargos que tem no governo.

Na opinião do UCHO.INFO, pois apostar em Rodrigo Maia como melhor saída para uma travessia política é querer arriscar aquilo que não se tem. Maia jamais teve cacife político para ser deputado federal, que dirá para comandar o País, mas uma vez sentado na cadeira presidencial, tirá-lo de lá será tarefa hercúlea. Instalado no cargo de presidente, Rodrigo Maia pode até tentar a reeleição, mas esse quadro eleitoral favorecerá a esquerda delinquente.

Voltando à governabilidade… FHC parece não se preocupar como antes com a governabilidade, que, segundo ele próprio, depende da renúncia de Michel Temer. O PSDB está diante de um cenário que pode ser comparado ao dito popular “se ficar o bicho come, se correr o bicho pega”. Se Temer jogar a toalha, um novo presidente será eleito indiretamente e com chance de, dependo dos resultados, tentar um novo mandato. Se Temer resistir mais algum tempo, a chegada de Rodrigo Maia ao posto será um presente para o PT.

apoio_04