Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump defendeu nesta quarta-feira (12) a inocência de seu filho mais velho, Donald Trump Jr., após a revelação de que este reuniu-se, durante a campanha eleitoral de 2016, com uma advogada russa na esperança de obter informações para prejudicar a candidata democrata, Hillary Clinton.
“O meu filho Donald fez um bom trabalho ontem à noite. Foi franco, transparente e inocente. Esta é a maior caça às bruxas da história política. Triste!”, comentou Trump em sua conta no Twitter. O presidente referiu-se à entrevista concedida por seu filho à emissora Fox News, transmitida na noite de terça-feira e na qual ele falou sobre a polêmica reunião que manteve com a advogada russa Natalia Veselnitskaya em 9 de junho de 2016, na Trump Tower de Nova York.
“[A advogada] não tinha nada para contar. Foi uma total perda de tempo, o que foi uma pena”, disse Trump Jr. na entrevista, ao enfatizar que sequer se lembrava da reunião, sobre a qual não informou ao seu pai até que o jornal “The New York Times” o encontro, no último final de semana.
“Para mim, isso era investigar a oposição”, justificou o primogênito de Trump, que disse que na ocasião tinha a esperança de que a advogada tivesse “provas tangíveis” sobre os “escândalos” de Hillary Clinton, então candidata do Partido Democrata à Casa Branca.
Trump Jr. insistiu que a reunião “não levou a lugar algum”, o que já havia dito anteriormente. Antes, ele divulgara no Twitter uma série de e-mails para ser, segundo ele próprio, “totalmente transparente” sobre como e por qual razão agendou o encontro com Veselnitskaya. A divulgação ocorreu depois de ele saber que o jornal “The New York Times” estava de posse dos e-mails.
Em dos e-mails, o jornalista britânico Rob Goldstone, que preparou a reunião, informa a Trump Jr. que, no encontro com a advogada, ele receberia “alguns documentos oficiais e informações que incriminariam Hillary e as relações dela com a Rússia” e que seriam “muito úteis” para a campanha de seu pai. “Obviamente são informações sensíveis e de muito alto nível, mas fazem parte do apoio da Rússia e de seu governo ao sr. Trump”, acrescenta Goldstone no e-mail.
Poucos minutos depois, Trump Jr. responde ao e-mail agradecendo o gesto e demonstrando interesse pelo material. “Se for aquilo que você diz, eu adorei”, afirma o filho do republicano.
Nas próximas mensagens, os dois combinam um encontro entre Trump Jr. e uma “advogada do governo russo”, segundo afirma Goldstone no e-mail, mas sem citar nomes, para o recebimento das informações sobre Hillary. A reunião ocorreu em 9 de junho de 2016 na Trump Tower, em Nova York.
Jay Sekulow, um dos advogados do presidente norte-americano, afirmou nesta quarta-feira que o magnata só viu os e-mails de seu filho na noite de terça-feira, quando defendeu que Trump Jr. não cometeu qualquer ilegalidade ao reunir-se com a advogada russa. A legislação dos EUA proíbe candidatos de aceitar ajuda de governos estrangeiros. O Departamento de Justiça e o Congresso estão investigando se a campanha de Trump recebeu ajuda da Rússia.
O Kremlin, por sua vez, voltou a negar qualquer relação com a advogada e disse que a polêmica envolvendo a Rússia e a eleição presidencial de 2016 nos EUA é uma “novela interminável”.
Que Donald Trump defenderia o filho, afirmando que o encontro não foi ilegal, era previsto, até porque se fizesse o contrário estaria reconhecendo que aceitou ajuda de um governo estrangeiro na eleição presidencial. De igual modo, o Kremlin não poderia agir de maneira diferente, que não a de negar qualquer relação com a advogada Natalia Veselnitskaya. É importante lembrar que o presidente russo é um ex-agente da KGB, serviço secreto do país.