Ex-ministro da Fazenda (governo Lula) e da Casa Civil (governo Dilma), o petista Antonio Palocci Filho, preso desde 26 de setembro de 2016, no rastro da Operação Omertà (35ª fase da Operação Lava-Jato), avança em seu acordo de delação premiada com o objetivo de reduzir a pena de 12 anos e 2 meses de prisão.
Palocci sinalizou à força-tarefa da Lava-Jato que na delação poderá revelar detalhes sobre a quebra do sigilo bancário de Francenildo Costa, o caseiro Nildo, que acusou o então ministro da Fazenda de frequentar assiduamente uma mansão no Lago Sul, em Brasília, conhecida como “República de Ribeirão”. No imóvel, petistas e lobistas organizavam festas com direito a garotas de programa. Na ocasião, o escândalo custou o cargo de ministro.
Antonio Palocci pode dizer o que bem quiser, mas não há qualquer novidade em relação ao caso do caseiro Nildo, que foi covardemente acusado de receber dinheiro para denunciar o então titular da Fazenda. Na verdade, o petista deverá contar aos procuradores da República que investigam o Petrolão detalhes mais consistentes, caso queira em breve deixar a prisão.
Entre os detalhes estão alguns benefícios concedidos a bancos e instituições financeiros por meio de uma empresa de Palocci, a Projeto Consultoria. À época, o UCHO.INFO teve acesso às notas fiscais da empresas emitidas contra bancos e pode afirmar com tranquilidade que o escândalo é muito maior. Se não revelar tais minúcias, o ex-ministro estará mentindo. Um ex-assessor de Palocci, responsável pela emissão das notas fiscais, revelou a este portal que o petista errou na dose ao prestar tantas consultorias em tão pouco tempo.
Contudo, na delação o petista deverá revelar detalhes sobre uma montadora de automóveis que já é investigada em outras operações da Polícia Federal, além de informações sobre o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão que abrigou um conselheiro indicado por empresário do setor de alimentos, após pagamento de algumas dezenas de milhões de reais ao PT.
Palocci também deverá detalhar o esquema que se formou na órbita do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que já é alvo da Operação Zelotes e palco de um escândalo de corrupção de proporções inimagináveis. Conselheiros do órgão, por indicação de integrantes do governo, recebiam propinas milionárias para reduzir ou cancelar multas impostas pela Receita Federal.
Caso essa expectativa em relação ao Carf se confirme, alguns petistas serão imediatamente arrastados ao olho do furacão em que se transformou a investigação da Polícia Federal. No universo petista, pelo menos dois “companheiros” estão acompanhando com atenção redobrada os movimentos de Palocci: Lula, o dramaturgo do Petrolão, e Erenice Guerra, ex-chefe da Casa Civil e pessoa de confiança da “companheira” Dilma Rousseff.