Lava-Jato descobre o que editor denunciou em 1999: pilotos integram esquema de caixa 2 internacional

As autoridades que investigam casos de corrupção na órbita da Operação Lava-Jato descobriram o que o editor do UCHO.INFO denuncia desde 1999: que pilotos que atuam no exterior eram parte de uma engrenagem de caixa 2 comandada por empresas patrocinadoras.

O doleiro Adir Assad, preso em 19 de agosto de 2016 pela Polícia Federal, citou alguns nomes de pilotos brasileiros que competem no exterior em categorias diversas do automobilismo, entre eles Nelsinho Piquet e Hélio Castro Neves, como integrantes do esquema.

A operação consiste em contratos de patrocínio com valores muito acima do combinado, sendo diferença transferida pelas equipes dos pilotos para contas bancárias indicadas pelos patrocinadores. Piquet e Castro Neves alegaram não conhecer Assad, o que pode ser verdade.

Contudo, essa prática é muito comum no universo esportivo, especialmente no automobilismo, onde não há uma padronização de preços das cotas de patrocínio. Por mais que muitos neguem essa prática ilícita, é sabido que há muito esse esquema vinha sendo usado como forma de enviar recursos ao exterior de forma “lícita”.


Em 1999, em conversa com o editor do UCHO.INFO em uma pizzaria de Miami, próxima à Brickell Avenue, pelo menos dois pilotos da Fórmula Indy confessaram que adotavam tal prática como forma de conseguir recursos.

Ambos os pilotos, cujos nomes continuaremos mantendo em sigilo, afirmaram que além de repassar ao patrocinador o valor a maior, pagaram comissão aos agenciadores. Como as cotas de patrocínio têm valores elevados e são por temporada, a evasão de divisas por esse meio corre solto.

Uma conhecida empresa estrangeira de produtos alimentícios, que não mais atua no Brasil, usou o esquema por meio de patrocínio quase exclusivo de um piloto brasileiro que não convenceu nas pistas. Mesmo assim, o contrato durou mais de ano.

Situação semelhante acontece no futebol, modalidade em que a compra e venda de jogadores permite não apenas a supervalorização dos passes, mas a remessa de recursos ao exterior de forma aparentemente legal. Isso é possível porque empresários e agentes estrangeiros adquirem jogadores no mercado brasileiro, antes de esses serem vendidos aos mais badalados clubes do planeta.

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